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Berlusconi se aferra ao poder depois de obter a confiança de Deputados

Roma - O chefe de governo italiano, Silvio Berlusconi, obteve nesta sexta-feira (14/10) a confiança da Câmara dos Deputados, após perder a maioria na terça-feira durante a votação das contas do Estado, evitando a realização de eleições antecipadas.

Berlusconi, que superou mais de 50 moções de confiança em três anos e meio de governo, conquistou 316 votos a favor contra 301 contrários, confirmando-se em seu cargo de primeiro-ministro.

A votação aconteceu num clima tenso e de incerteza devido à ausência de 50 parlamentares em missão de trabalho no exterior e pela decisão da oposição, que não participou na primeira chamada para votar.Segundo os regulamentos, deviam participar a metade mais um, caso contrário a votação deveria ser anulada.

As várias correntes internas da coalizão governamental conservadora garantiram seu voto a Berlusconi, que superou a moção de confiança do parlamento com uma dezena de votos a mais em relação à última votação feita em dezembro.A votação não deve ser ratificada sucessivamente pelo Senado.

A chamada "agonia interminável" de Berlusconi, que sobreviveu à abertura de um julgamento por prostituição de menor durante suas festinhas particulares, divide o país e começa a minar o apoio de seus aliados e de sua base eleitoral. "A sensação que se tem é que o governo flutua e espera só que chegue o fim deste ano", escreveu Massimo Franco, do del Corriere della Sera.

Para Stefano Folli, do jornal Il Sole 24 Ore, Berlusconi jogou sua "última carta". Silvio Berlusconi defendeu sua administração na quinta-feira, afirmando que não há alternativa a seu governo no período de crise. "No plano político não há alternativa a este governo", afirmou em um discurso de 15 minutos, durante o qual os deputados da oposição optaram por abandonar o Parlamento.

A maioria reunida ao redor do PDL, partido de Berlusconi, e da Liga do Norte de Umberto Bossi estava dividida a respeito de vários temas, como o plano de austeridade e a eleição do futuro presidente do Banco da Itália.

[SAIBAMAIS]Além disso, a coalizão de governo também sofreu com a queda da popularidade de Berlusconi, que está no menor índice histórico (24% em setembro), causada pelos escândalos sexuais e judiciais, além da estagnação econômica e social que atravessa o país. Nas palavras de Berlusconi, o governo tem uma "maioria politicamente unida".

O premier disse ainda que a derrota da direita em uma votação na terça-feira no Parlamento "não passou de um incidente técnico, certamente grave, mas sem consequência política". Durante o discurso, Berlusconi não manifestou nenhum compromisso preciso.

O clima é de protesto na Itália, com os "indignados" italianos organizando manifestações em Roma, Milão, Florença, Bolonha, Ancona e Nápoles. Para o sábado, uma marcha nacional foi convocada em Roma, cidade que está sob forte esquema de segurança, pelo medo de desordens.