Gaza - Milhares de pessoas receberam nesta terça-feira (18/10) em Gaza com grande pompa os presos libertados por Israel em troca de Gilad Shalit, com um entusiasmo popular poucas vezes visto desde a tomada de controle pelo Hamas, há quatro anos.
A caravana de oito ônibus com cerca de 300 ex-prisioneiros entrou pelo terminal de Rafah, na fronteira com o Egito. Três veículos do braço armado do Hamas, seguidos de um da Cruz Vermelha, abriram o comboio.Pelo menos 200 mil pessoas estavam reunidas nesta terça-feira ao meio-dia na cidade de Gaza para recebê-los.
Na Cisjordânia, uma caravana de vários ônibus chegou à cidade de Ramallah, para uma recepção oficial com o presidente Mahmud Abbas. Em sua chegada ao lado egípcio de Rafah, os detidos faziam o V de vitória e sorriam das janelas dos ônibus. "Voltamos com honra, graças a Deus", comemorou um deles, entrevistado pela televisão egípcia. "Esta troca é o primeiro passo em direção à libertação de todo o povo palestino", disse outro.
Vários presos libertados "agradeceram ao Hamas e à resistência". Alguns carregavam exemplares do Alcorão diante das câmeras, outros conseguiam com dificuldade ocultar suas lágrimas e emoção. Ao chegar em Rafah, onde eram aguardados por centenas de parentes, amigos e autoridades, entre eles o chefe do governo do Hamas em Gaza, Ismail Haniyeh, os presos saudaram a multidão antes de sair do ônibus.
Abraçaram as pessoas que se reuniram para recebê-los, em meio a uma guarda de honra, e receberam pétalas de flores e um adorno com as cores da bandeira palestina. Para Um Ahmad al Saidi, que teve um filho libertado nesta terça-feira, enquanto outro segue detido, "a libertação de nossos filhos presos era um sonho longínquo e inacessível que foi realizado pela mão da resistência".
"Meu filho Awad não figura no acordo, mas estou feliz e confiante porque voltará nos próximos dias e sairá com todos os presos", declarou antes da chegada do comboio.
[SAIBAMAIS]O comboio dirigiu-se posteriormente a Gaza, onde as comemorações oficiais serão realizadas na praça de Katiba, com discursos de Haniyeh e de Yehia Sinwar, líder da ala militar do movimento islamita. Em Ramallah, Abbas homenageou "os sacrifícios e os esforços" dos presos que "não foram em vão". "Sua causa segue em nossos corações", assegurou em um discurso. "Pela graça de Deus, veremos todos os presos, homens e mulheres, voltar a sua pátria", acrescentou o presidente palestino.
Um dos detidos libertados na Cisjordânia, Tawfiq Abdallah, de 52 anos, que cumpriu 26 anos de sua condenação à prisão perpétua, disse "sentir uma mistura de felicidade e sofrimento, a felicidade de estar fora e ver o dia, mas o sofrimento pelos irmãos que deixei para trás".
"Não posso descrever meus sentimentos, mas espero que todas as mães de presos estejam felizes", disse Nayef Nidal, libertado após 17 anos de prisão, ao abraçar seus parentes.
De um primeiro contingente de 477 presos libertados nesta terça-feira por Israel em troca de seu soldado Gilad Shalit, cerca de 300 foram soltos em Gaza, 117 na Cisjordânia, e os outros em Jerusalém-Oriental ocupada e anexada, em Israel, ou conduzidos ao exterior.