postado em 20/10/2011 08:15

Rodeado por um forte esquema de segurança, o soldado israelense Gilad Shalit fez ontem sua primeira caminhada em liberdade pela rua onde mora, na cidade de Mitzpe Hila, norte de Israel, depois de passar cinco anos como prisioneiro na Faixa de Gaza. As comemorações pela libertação ganharam força com o início do feriado judaico de Simchat Torah, e a família fazia planos para celebrar a data com o filho, depois de tantos anos. Ao mesmo tempo, os 42 mais importantes palestinos libertados na véspera, em troca do israelense, chegaram aos países de destino, para onde foram deportados. Eles fazem parte do primeiro grupo de 477 palestinos soltos. Outros 550 deixarão as prisões israelenses nos próximos dois meses, com o grupo islâmico Hamas, que mantinha o militar em seu poder.
Antes de sair de casa, Shilat, 25 anos, foi examinado por uma junta médica das Forças de Defesa de Israel (IDF). Nenhum comunicado sobre a saúde do soldado foi divulgado, mas, segundo a imprensa israelense, ele está muito fraco e teria passado mal no helicóptero que o levou da Base Aérea de Tel Nof para casa. As imagens de Shilat ; feitas de longe, por causa do cordão de isolamento formado pela polícia ; mostram um jovem pálido, magro e com certa dificuldade para andar. Ainda de acordo com a imprensa local, autoridades teriam cogitado hospitalizá-lo antes de permitir que voltasse para casa.
Em entrevista a jornalistas, o pai do sargento, Noam, disse que o filho estava bem, mas precisa de tempo para se recompor. ;Gilad dormiu bem, mas vai precisar de um período de privacidade para se recuperar;, afirmou. O isolamento policial impediu a aproximação de jornalistas e curiosos, que se aglomeraram perto da casa da família Shalit. Um morador, que não foi identificado e se disse próximo à família, afirmou à agência de notícias France-Presse que Shalit teria jantado ;sopa de frango e espaguete ao molho de tomate; ; seus pratos preferidos, preparados pela mãe.
Os 42 prisioneiros mais importantes do grupo palestino, que segundo o acordo deveriam ser deportados, chegaram ontem aos países de destino: 16 foram enviados para a Síria, 15 para o Catar, 10 para a Turquia e uma para a Jordânia. Essa última é Ahlam Tamimi, condenada a 16 sentenças de prisão perpétua por participação no ataque terrorista contra a pizzaria Sbarro, em Jerusalém, em 2001, no qual foi morto o brasileiro Giora Balazas. Em Amã, em entrevista à rede de tevê Al-Jazeera, ela expressou ;lealdade ao braço militar do Hamas;. ;Deus tem escolhido seus soldados nesta terra, e eles são os soldados das brigadas de Al-Qassam (braço armado do grupo que controla a Faixa de Gaza);, declarou à emissora.
Os palestinos libertados anteontem foram recebidos com muita festa nos territórios da Faixa de Gaza e da Cisjordânia. Os cerca de 300 que retornaram para Gaza, que está sob controle do Hamas desde 2007, foram recebidos por uma multidão que gritava ;queremos um novo Shalit;, sugerindo que o resultado prático da captura do soldado israelense pode incentivar a repetição da iniciativa para obter a liberdade de mais prisioneiros. Antes da troca, cerca de 5 mil palestinos cumpriam pena em Israel, a maior parte por delitos relacionados à luta contra a ocupação dos territórios palestinos.