Agência France-Presse
postado em 20/10/2011 11:29
BENGHAZI - O ex-ditador da Líbia Muamar Kadafi foi morto pelas forças do novo regime em um ataque contra o último bolsão de resistência em sua cidade natal, Sirte, informou o Conselho Nacional de Transição (CNT). "Nós anunciamos ao mundo que Kadafi foi morto pelas mãos da revolução", declarou o porta-voz do CNT, Abdel Hafez Ghoga. "É um momento histórico. É o fim da tirania e da ditadura. Kadafi encontrou seu destino", completou.
Um vídeo que circula entre os combatentes do CNT em Sirte mostra imagens feitas com um telefone celular do que aparenta ser o corpo de Kadafi ensanguentado. Nas imagens granuladas, vários ativistas do CNT gritam de maneira caótica ao redor de uma pessoa de uniforme cáqui com sangue no rosto e pescoço. O corpo é levado pelos combatentes e colocado em uma caminhonete.
Uma fotografia feita a partir de uma imagem pausada de um celular supostamente mostra Kadafi muito ensanguentado, mas ainda não está claro se ele estava vivo ou morto no momento da foto. Na imagem, Kadafi está com sangue no rosto e nas roupas.
Ainda não se tem notícias do que foi feito com o corpo. Algumas versões afirmam que foi levado para um local secreto.
Segundo o canal "Líbia livre", Kadafi foi preso no mesmo momento em que seu filho, Muatassim, que Mansur Dau (o chefe dos serviços de segurança interior) e que Abddulah Senusi (chefe dos serviços de inteligência). De acordo com o CNT, Muatassim foi morto em Sirte e seu corpo foi levado para Misrata junto com o de Dau.
Um combatente do CNT, Mohamed Lahuaib Shaban, afirmou que presenciou a prisão de Kadafi, e que tirou dele uma arma, um revólver de ouro. Um canal de TV partidário do regime deposto chegou a desmentir, num primeiro momento, a morte do dirigente.
[SAIBAMAIS]Abubakr Yun;s Jaber, ministro da Defesa do regime deposto de Muamar Kadafi, também foi morto em Sirte, indicou nesta quinta-feira um médico. Uma fonte de alto escalão do CNT informou também que a cidade de Sirte, último bastião da resistência das forças leais a Muamar Kadafi, foi "totalmente libertada" nesta quinta-feira. "Sirte foi totalmente libertada, e com a confirmação da morte de Kadafi", a Líbia foi completamente libertada, declarou Khalifa Haftar, acrescentando que "aqueles que lutaram ao lado de Kadafi foram mortos ou capturados".
Já a Otan anunciou ter bombardeado um comboio de veículos militares pró-Kadafi nas proximidades de Sirte. "Aproximadamente às 08h30, hora local (10h30 de Brasília) desta quinta, a Otan bombardeou veículos da força militar pró-Kadafi que faziam parte de um grupo maior que circulava pelas vizinhanças de Sirte", afirmou o porta-voz da Otan, coronel Roland Lavoie.
A Otan não indicou se o coronel Muamar Kadafi estava neste comboio militar "que representava uma ameaça para os civis", segundo a fonte. No momento, a Otan não se pronunciou oficialmente sobre a questão.
Sem confirmação dos EUA
O governo dos Estados Unidos, no entanto, informou que ainda não tem condições de confirmar a notícia. "O Departamento de Estado não pode, neste momento, confirmar as notícias da imprensa sobre a captura ou morte de Muamar Kadafi", declarou o porta-voz do Departamento de Estado, Victoria Nuland.
Apesar de não haver confirmação da morte do antigo líder líbio, a União Europeia saudou "o fim de uma era de ;despotismo;". "A guerra acabou", declarou o governo italiano Silvio Berlusconi. "Sic transit gloria mundi" (Assim passa a glória do mundo)", comentou, em latim, o ex-aliado de Kadafi, durante uma reunião com líderes de seu partido, segundo a imprensa local.
Oito meses de rebelião
A rebelião na Líbia começou há oito meses no leste do país. As forças de Kadafi ameaçaram num determinado momento reconquistar o território, mas foram repelidas por bombardeios da Otan, autorizados por uma resolução do Conselho de Segurança da ONU votada em março. Kadafi e vários aliados estavam foragidos desde a queda de Trípoli, em 23 de agosto.
Perto do hospital de campanha de Sirte, o anúncio da captura de Kadhafi foi recebido por um buzinaço, tiros para o ar e abraços. Também em Trípoli, os habitantes celebraram o anúncio com buzinaços e disparos para o ar.