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Kirchner encerra campanha ao lado de 'símbolos' da Argentina real

Agência France-Presse
postado em 20/10/2011 17:44
Buenos Aires - Um jovem campeão de uma olimpíada de matemática, uma cientista repatriada e um operário que recuperou seu emprego foram alguns dos protagonistas dos spot publicitários selecionados para acompanhar a apresidente argentina, Cristina Kirchner, no ato de encerramento da campanha.

"Estes são os representantes da Argentina real", afirmou a presidente, de 58 anos, no encontro na noite de quarta-feira (19/10) em um teatro clássico de Buenos Aires, rodeada daqueles que segundo ela simbolizam as conquistas de sua gestão, as quais exibiu em busca de sua reeleição no domingo.

Ao lado do estudante campeão em matemática, da cientista que tinha se exilado após a crise de 2001 e retornou ao país, e do operário de um estaleiro que voltou ao trabalho, se sentaram um esportista e um pequeno empresário que quebrou nos anos 1990 e se tornou exportador.

Somaram-se a eles uma mulher que obteve sua primeira moradia, um jovem programador de software e uma idosa que recebeu sua aposentadoria.

Símbolo da política em direitos humanos do governo, a última do grupo foi Victoria Montenegro, uma filha de desaparecidos na ditadura (1976-1983), roubada ao nascer e que recuperou sua identidade.

"O verdadeiro objetivo é fazer com que este país continue crescendo e oferecendo possibilidades", disse a candidata ao apresentar seus acompanhantes, que junto a outros como eles ocuparam uma centena de cadeiras no palco, enquanto ministros e governadores ficaram na primeira fila.

Junto aos convidados, esteve também o candidato a vice-presidente, o ministro da Economia, Amado Boudou, de 47 anos, que abandonou sua vestimenta roqueira de campanha e vestiu terno escuro e gravata violeta, deixando o protagonismo absoluto à chefe de Estado.

De pé junto ao palco para não perder um detalhe, Nora, uma mulher de meia idade, lacrimejava: "não parei de chorar a tarde toda. No domingo arrasaremos", disse.

Pouco afeita à liturgia peronista e com a eleição praticamente vencida nas pesquisas, Cristina, como dizem seus seguidores, evitou o ato multitudinário e preferiu um teatro de 1.800 lugares.

De preto, falou de pé atrás de um atril onde se lia "Cristina 2011, Força Argentina".

"Agradeço a todos que me disseram ;Força Cristina;", disse a presidente, cuja voz ficou embargada quando disse que sem seus filhos, Máximo (32 anos) e Florença (21), que estavam na plateia, "não teria sido possível continuar" após a morte há quase um ano de seu marido, o ex-presidente Néstor Kirchner, a quem sempre se refere como "ele".

"Força Cristina" transformou-se em lema de campanha, com vídeos e cartazes que enfatizavam a "força do trabalho", a "força do amor", a "força da verdade" ou a "força do povo".

Exímia oradora, a presidente fez um discurso de 30 minutos, sem ajuda de anotações, no qual convocou a "unidade nacional" e instou a "olhar a lua em vez do dedo que aponta", em alusão a um slogan do maio de 1968 francês.

"Somos orgulhosamente sul-americanos", afirmou, e pediu uma "integração inteligente para sermos, como região, os protagonistas do século XXI".

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