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ETA anuncia fim definitivo de atividades armadas após mais de 40 anos

Agência France-Presse
postado em 20/10/2011 19:00
Madri - A organização separatista basca ETA anunciou esta quinta-feira (20/10) "o fim definitivo de suas atividades armadas", um fato histórico após mais de 40 anos de uma luta violenta pela independência do País Basco, qualificado de "vitória da democracia" pelo governo espanhol.

Três militantes da organização com capuzes brancos e boinas pretas fizeram o anúncio sentados em uma mesa, atrás da qual se podia ver o emblema da ETA, uma serpente enrolada em um machado, em um vídeo exibido na página na internet do jornal basco Gara.

"A ETA decidiu pelo fim de sua atividade armada", afirmaram, segundo tradução em espanhol do texto em basco. "A ETA faz um apelo aos governos de Espanha e França para abrir um processo de diálogo direto que tenha por objetivo a resolução das consequências do conflito e, assim, a superação do confronto armado", acrescentaram.

Apenas uma hora depois, o chefe de governo espanhol, José Luis Rodríguez Zapatero, saudou esta "vitória da democracia, da lei e da razão". "Hoje, o Estado de direito triunfou como único modelo possível de convivência", declarou Zapatero.

O líder do opositor Partido Popular (PP, direita), Mariano Rajoy, grande favorito para se tornar chefe do governo nas eleições de 20 de novembro, foi mais longe e pediu à ETA que torne eficaz sua dissolução. "Consideramos que este é um passo muito importante, mas a tranquilidade dos espanhóis só será completa quando ocorrer a dissolução irreversível da ETA e seu completo desmantelamento", afirmou.

O antigo Batasuna - partido tornado ilegal na Espanha em 2003 por ser o braço político da ETA -, já tinha anunciado esta terça-feira que apoiava um anúncio de cessar definitivo dos atentados e esperava que os governos francês e espanhol dessem uma "resposta positiva". A esquerda separatista basca voltará a se manifestar esta sexta-feira para fazer agora sua avaliação do fim da violência.

Considerada uma organização terrorista pela União Europeia e pelos Estados Unidos, a ETA é responsável pela morte de 829 pessoas em mais de 40 anos de atentados pela independência do País Basco.

O anúncio foi feito três dias depois que uma Conferência Internacional de Paz, organizada em San Sebastián (País Basco, norte), com a presença de várias personalidades, pedisse à organização para que depusesse definitivamente as armas.

Presidida pelo ex-secretário-geral da ONU Kofi Annan e por vários atores do processo de paz na Irlanda do Norte, entre eles o líder do Sinn Fein, Gerry Adams, a Conferência pediu ainda à ETA que pedisse para negociar com os governos de Madri e de Paris.

A organização seguiu, assim, as recomendações daquele encontro, que fontes próximas haviam qualificado como "encenação para permitir à ETA que faça seu anúncio".

"Acolho com agrado os termos decisivos e positivos da resposta da ETA à ;Declaração; de segunda-feira em San Sebastián", disse Adams. "Acho que sua declaração de hoje cumpre estes requisitos e insto aos governos de Espanha e França a saudá-la e aceitar negociações exclusivamente para tratar das consequências do conflito", acrescentou.

Muito debilitada pelos duros golpes policiais dos últimos anos, a ETA estava desde agosto de 2009 sem cometer atentados em território espanhol. Em 10 de janeiro havia anunciado um cessar-fogo permanente, geral e verificável pela comunidade internacional.

[SAIBAMAIS]A ETA não mencionou até agora, tampouco o fez no comunicado de quinta-feira, uma possível entrega de armas ou sua dissolução. No entanto, nas últimas semanas se multiplicaram os gestos que levavam a crer que o fim da violência estava próximo.

Há três semanas, se comprometeu a cooperar com uma comissão internacional de verificação de seu cessar-fogo, enquanto a Ekin - organização radical ilegal considerada a estrutura política da ETA - anunciava sua dissolução.

Uma semana antes, mais de 700 presos da organização armada aderiram a um acordo pedindo o fim definitivo de luta armada, ao fim de quase um ano de debate nas prisões de Espanha e França.

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