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Obama confirma retirada de tropas dos EUA do Iraque até o fim do ano

postado em 22/10/2011 08:00
O presidente Barack Obama confirmou ontem que os últimos 39 mil soldados americanos em serviço no Iraque deixarão o país até o fim do ano, pondo fim à ocupação iniciada por George W. Bush em março de 2003. ;Hoje, posso dizer que, como foi prometido, o restante de nossas tropas no Iraque voltará para casa no fim do ano. Depois de quase nove anos, a guerra terá terminado;, anunciou Obama, depois de ter conversado por videoconferência com o primeiro-ministro iraquiano, Nuri Al-Maliki.

A decisão unilateral da Casa Branca confirma o fracasso nas negociações entre os dois governos para chegar a um acordo sobre a manutenção de um contingente reduzido dos EUA no Iraque por mais algum tempo, para treinar as forças locais. Bagdá pedia que 5 mil americanos permanecessem, mas o premiê omitiu a divergência ao comentar o anúncio de Obama. ;Os pontos de vista dos dois líderes eram idênticos a respeito da necessidade de iniciar uma nova fase nas relações estratégicas, depois de concluída a retirada;, afirmou Al-Maliki, segundo uma declaração divulgada por seu gabinete.

O obstáculo para que os EUA mantivessem instrutores militares foi a recusa do governo iraquiano a conceder imunidade legal para os americanos. ;Nós protegemos nossos soldados e providenciamos para eles o suporte legal necessário;, afirmou repetidamente o secretário da Defesa, Leon Panetta. Semanas atrás, o porta-voz do governo iraquiano, Ali Al-Dabbagh, tinha admitido que não seria possível prorrogar a presença militar estrangeira: ;Se não houve acordo sobre a imunidade, não haverá acordo sobre o tamanho do efetivo;. O líder radical xiita radical Moqtada Al-Sadr, cujo apoio é indispensável para o governo, condicionou a permanência dos americanos ao pagamento de uma indenização ao Iraque.

A saída dos últimos contingentes dos EUA foi confirmada no dia seguinte à desativação de uma unidade americana estacionada no norte do país, sob governo autônomo da minoria étnica curda. A região é considerada especialmente sensível não apenas pelas tensões com o governo central, mas também pelas relações conflituosas com o Irã, que abriga uma comunidade curda em região vizinha. A influência iraniana na política iraquiana ; em ambos os países a confissão religiosa majoritária é muçulmana xiita ; foi uma das razões invocadas para prorrogar a missão americana. Os EUA ainda contam com 18 bases no Iraque.

Posição de força
Obama relatou que havia convidado Al-Maliki para visitar a Casa Branca em dezembro, quando ambas as partes voltam a manter relações normais entre duas nações soberanas. O presidente americano lembrou que durante a campanha vitoriosa pela Casa Branca, em 2008, colocou-se frontalmente contra a intervenção no Iraque, argumentando que havia tirado o foco da caçada a Osama bin Laden, no Afeganistão. Depois de empossado, Obama enviou dezenas de milhares de tropas como reforço ao Afeganistão. Agora, parte desse contingente prepara a partida, garantida em parte pela execução do líder da Al-Qaeda, em maio último.

;Os Estados Unidos estão em uma posição de força. A longa guerra no Iraque chegará ao fim. A transição no Afeganistão está avançando e nossas tropas finalmente estão voltando para casa;, disse o presidente. O anúncio foi recebido com ;pleno apoio; pelo líder da maioria democrata no Senado, Harry Reid, que comentou também os riscos de o regime iraniano aumentar sua influência e interferência no Iraque: ;Eles deveriam saber que a primavera que atingiu essa região do mundo está a ponto de antingi-los também;.

Popularidade em baixa
A pouco mais de um ano de disputar a reeleição, Barack Obama está com a popularidade no ponto mais baixo em três anos de mandato, segundo pesquisa do instituto Gallup. A taxa de aprovação ao presidente caiu seis pontos em relação ao trimestre anterior e ficou em 41%, índice que supera apenas o obtido, em período equivalente do mandato, por Jimmy Carter. Democrata, como Obama, Carter tinha 31% um ano antes de ser derrotado quando tentou se reeleger, em 1980.

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