Mundo

Príncipe herdeiro saudita morre em plena tempestade regional

Agência France-Presse
postado em 22/10/2011 16:45
Riad - O herdeiro do trono da Arábia Saudita, Sultán ben Abdel Aziz, morreu neste sábado, no momento em que o rei Abdullah, de 87 anos, se recupera de uma cirurgia, causando comoção em uma potência petroleira situada no centro de uma região em plena tempestade.

Com mais de 80 anos, o príncipe Sultán, meio-irmão do soberano, "morreu em consequência de uma doença no início deste sábado no exterior", anunciou o Palácio Real em um comunicado. O funeral será realizado na terça-feira em Riad.

O príncipe Sultán morreu nos Estados Unidos, tradicional aliado da dinastia Al-Saud. Seu irmão, Nayef ben Abdel Aziz, de 78 anos, o poderoso ministro do Interior e campeão da luta contra a Al-Qaeda, deve ser nomeado rapidamente príncipe herdeiro de um reino que quer apresentar uma imagem de estabilidade, segundo analistas.

O presidente americano, Barack Obama, declarou que seu país perdeu na pessoa do príncipe Sultán um "amigo precioso" que "apoiou firmemente a parceria profunda e duradoura entre os dois países".

Primeiro príncipe herdeiro a morrer antes de chegar ao trono, o príncipe Sultán pertencia ao clã dos Sudairi, assim como o príncipe Nayef. Os Sudairi, que sempre desempenharam um papel proeminente na família real, são os filhos de Hassa al-Sudairi, uma das esposas favoritas do fundador do reino, rei Abdel Aziz.

A morte do príncipe Sultán acontece no momento em que vários países árabes enfrentam mudanças de regimes, pressionados por ondas de contestação. A Arábia Saudita não registrou manifestações parecidas, mas houve alguma efervescência da minoria xiita concentrada no leste rico em petróleo, na qual Riad viu a mão do Irã.

O príncipe Sultán, que também era ministro da Defesa, estava desde junho nos Estados Unidos para ser tratado. Ele foi submetido em julho a uma cirurgia e nenhuma notícia foi divulgada desde então sobre seu estado de saúde.

Segundo diplomatas ocidentais, ele sofria com um câncer de cólon. Foi internado na unidade de cuidados intensivos do hospital Presbiteriano de Nova York pouco depois de sua chegada aos Estados Unidos, e se encontrava em estado de morte clínica há mais de um mês.

Nascido em 1931, de acordo com sua biografia oficial, porém mais velho segundo seus biógrafos, o príncipe Sultán tinha se distanciado nos últimos anos do centro de poder em razão de suas viagens ao exterior entre tratamentos e recuperação.

Ele estava à frente do Ministério da Defesa e da Aviação desde 1963 e modernizou as forças sauditas, fechando importantes contratos de armamentos com os Estados Unidos e a Grã-Bretanha.

Sua morte acontece no momento que o rei Abdullah tinha acabado de ser submetido em Riad a uma nova operação nas costas. Ele deixou o hospital neste sábado, mas deve manter seu tratamento na clínica de seu palácio, segundo o Palácio Real.

O rei tinha sido operado em novembro de 2010 em Nova York de uma hérnia de disco, complicada por um hematoma. Ele passou por uma segunda operação no início de dezembro, antes de passar por um período de recuperação no Marrocos.

No dia 23 de fevereiro, ele voltou ao seu país depois de três meses de ausência. A idade do rei Abdullah e sua hospitalização no exterior alimentaram rumores sobre o futuro do comando do reino, um ator-chave na política no Oriente Médio e maior exportador do mundo de petróleo.

A escolha de um novo príncipe herdeiro deve ser ratificada por um Conselho restrito aos Al-Saud, dinastia que governa a Arábia Saudita desde sua criação em 1932, pela primeira vez na história do reino.

Este Conselho foi criado após uma reforma das modalidades de sucessão introduzida em 2006 para assegurar uma transição pacífica do poder nesta monarquia ultraconservadora do Golfo.

Depois da morte, em 1953, do fundador do reino, rei Abdel Aziz, cinco de seus filhos se sucederam à frente desta potência petroleira.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação