Agência France-Presse
postado em 22/10/2011 19:14
BILBAO - Dezenas de milhares de pessoas participaram de uma grande passeata neste sábado em Bilbao pedindo a "independência" do País Basco e a anistia para os presos do ETA, na primeira grande manifestação após o anúncio feito pela organização armada do fim da violência, constatou a AFP.Atrás de uma enorme faixa na qual se podia ler "O País Basco quer uma solução", a manifestação desfilou pelo centro da cidade liderada pelos líderes da esquerda independentista basca.
A marcha, convocada há uma semana por partidos e sindicatos nacionalistas, antes do anúncio na quinta-feira do fim da violência por parte da organização armada ETA, era destinada "a toda a sociedade, independentemente de filiações políticas e identitárias".
A palavra de ordem era a independência. "Independência, independência. Os presos na rua, anistia total", gritava a multidão. "Vim porque é uma forma de apoiar o processo em que nos encontramos neste momento", explicou à AFP o aposentado Juan José Sainz, de 64 anos.
Sainz afirmou que está entre as "40 mil pessoas que não podem participar das eleições" por sua participação em movimentos radicais no passado, e pede uma "verdadeira democracia" para o País Basco. "Acho que com o anúncio do ETA esta manifestação tem mais relevância", acrescentou.
O ETA - considerado organização terrorista pela União Europeia e pelos Estados Unidos e responsável pela morte de 829 pessoas em mais de 40 anos de atentados pela independência do País Basco - anunciou na quinta-feira o "fim definitivo de sua atividade armada".
Mas para Miren, de 41 anos, que trabalha em uma fábrica, "a situação permanece igual, só que agora o ETA não está". "O conflito do povo basco em si permanece igual e esperamos que isto seja o início da solução deste conflito", afirma.
"O ETA deu uma boa notícia à sociedade basca, que nos aproxima de um cenário de paz", afirmaram os organizadores em uma declaração lida em basco e em espanhol ao final da marcha.
Mas "somos nós, os cidadãos bascos, a chave (...) desta nova situação", afirmaram. "Queremos abrir aos poucos todas as portas, vamos abrir as portas da paz", acrescentaram.
"Precisamos dialogar, precisamos construir novos acordos, e vamos fazer isso", indica a declaração. "Vamos decidir nosso futuro em paz e com democracia", concluiu.