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Tunisianos 'felizes e confiantes' na véspera de uma eleição histórica

Agência France-Presse
postado em 22/10/2011 21:12
TÚNIS, 22 outubro 2011 (AFP) - "Estamos muito felizes, excitados e confiantes", disse o presidente da Comissão Eleitoral tunisiana, Kamel Jendoubi, ressaltando neste sábado que "tudo está pronto" na véspera de uma votação histórica para a qual foram convocados mais de 7 milhões de eleitores, nove meses após a queda de Ben Ali.

"Estamos muito felizes, estamos excitados e queremos que as eleições deem certo", declarou Jendoubi durante uma entrevista coletiva à imprensa neste sábado em Túnis.

"Estamos prontos", repetiu ele, ao fim de uma maratona de vários meses durante a qual a Isie (comissão eleitoral) organizou uma votação sem precedentes na história tunisiana. No domingo, os tunisianos devem escolher entre mais de 1500 candidatos para eleger uma assembleia constituinte de 217 membros encarregada de redigir uma nova constituição para o país. "Até o final do dia, todos os centros de votação terão as cédulas", indicou Mohamed Fadhel Mahfoudh, outro membro da Isie.

O grande partido islâmico Ennahda, considerado um islã moderado, é o favorito de uma eleição que tem como grande incógnita a participação, tendo em vista a multiplicidade de partidos em uma paisagem política remodelada.

A capital Túnis, apresentava neste sábado o aspecto habitual depois de vários de dias de efervescência da campanha. "Estou muito feliz por votar amanhã. Fico arrepiada só de pensar nisso", afirma Neda Kouki, uma esteticista de 37 anos. "Tenho 30 anos, estou desempregado, sem mulher, sem carro, sem casa. Mas vou votar pela liberdade e pelo emprego", declarou Mohamed Ben Salah.

"Para mim é uma festa, é um sonho", disse Mustapha Bensmail, de 65 anos, lembrando as eleições passadas "em que as pessoas olhavam por cima dos seus ombros em quem você votava".

"Será quase impossível fraudar ou falsificar os resultados da votação porque o processo é muito transparente. Se tudo acontecer como previsto, teremos um resultado verdadeiro", assegurou neste sábado o chefe da missão dos observadores da União Europeia, Michael Gahler.

Ele considerou que a campanha eleitoral foi "calma" e "tímida". "Os tunisianos estão interessados nas eleições e têm muita esperança, mas estão conscientes que problemas econômicos e sociais, como o desemprego, não podem ser resolvidos por qualquer partido e por promessas. Daí esta falta de emoção nesta campanha", analisou.

Por coincidência do calendário, a Tunísia, país que desencadeou a Primavera Árabe em 2011, vai às urnas no dia em que seu vizinho líbio deve proclamar sua "libertação total", após a morte de Muamar Kadhafi.

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