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População escolherá Assembleia Constituinte para formar governo líbio

postado em 23/10/2011 08:00
Três dias após a morte do ditador líbio deposto Muamar Kadafi, começam a surgir especulações oficiais sobre o futuro do país. O número dois do Conselho Nacional de Transição (CNT), Mahmud Jibril, premiê do governo provisório, afirmou que a expectativa é de que em um prazo de oito meses o país terá sua primeira eleição legislativa para constituir um Congresso Nacional. ;Algum tipo de parlamento;, definiu ele, em visita à Jordânia. A intenção é de que, com a ajuda de um referendo, o Congresso crie uma Constituição e forme um governo interino até a primeira eleição presidencial. A CNT prevê declarar hoje a ;libertação total; do país.

O possível comunicado de libertação vai acelerar o processo de formação do governo provisório, com a esperança de agilizar a restauração da ordem. ;A reconstrução da Líbia não será tarefa fácil. É a Missão impossível, do Tom Cruise;, brincou o primeiro-ministro do CNT. ;A estabilidade e a ordem no país devem ser restauradas; para isso, é necessário recuperar as armas das ruas, o que não é uma operação fácil.; Jibril também afirmou que cumprirá a promessa feita anteriormente de renunciar ao cargo assim que o país fosse libertado do domínio de Kadafi. Por sua vez, o chefe do CNT, Mustafá Abdel Jalil, visitou guerrilheiros feridos, no Centro Médico Benghazi, em Sirte ; cidade onde Kadafi nasceu e foi morto. Jalil posou para fotos, beijando o rosto de combatentes e trocando sorrisos.

Mesmo com as primeiras manifestações do novo poder líbio, a preocupação externa ; na Europa e nos Estados Unidos ; é com relação a bilhões de dólares enviados secretamente por Kadafi para o exterior, pouco antes de sua morte, por motivos ainda desconhecidos. A notícia, publicada pelo jornal americano Los Angeles Times, aponta que o valor dessas remessas ; entre dinheiro, ouro e investimentos ; seria o dobro do que havia sido especulado anteriormente: US$ 200 bilhões. A cifra corresponde a duas vezes o rendimento econômico anual do país no pré-guerra. O novo governo líbio está interessado em resgatar o dinheiro o mais rápido possível, para investir na reestruturação do país. No entanto, a Organização das Nações Unidas permitiu apenas a liberação de US$ 1,5 bilhão.

Risco
A notícia pode incitar ainda mais ódio no país árabe, onde um terço da população vive em situação de pobreza. Segundo a fonte não identificada do jornal americano, tal quantia, se distribuída, somaria algo em torno de US$ 30 mil por habitante. ;Se os valores se confirmarem, Kadafi vai ficar na história como um dos mais vorazes e bizarros líderes mundiais, com o falecido Mobutu Sese Seko, no Zaire, ou Ferdinand Marcos, nas Filipinas;, analisou a publicação.

A maior parte do dinheiro estava em nome de instituições estatais como a Corporação do Petróleo Líbio, a Pasta de Desenvolvimento da Líbia, o Banco Líbio dos Negócios Estrangeiros, a Autoridade de Investimento da Líbia e o Banco Central da Líbia, segundo dados levantados pelo jornal. O governo norte-americano teria ficado surpreso ao encontrar US$ 37 bilhões nos Estados Unidos, em contas de investimento do regime líbio. Os ativos, na ocasião, foram congelados, para evitar que o próprio ditador ou seus assessores tentassem resgatar esse dinheiro. Outros US$ 30 bilhões teriam sido controlados pelos governos da França, Itália, Grã-Bretanha e Alemanha.

Confrontos no Iêmen
; Horas depois de o Conselho de Segurança da ONU pedir a renúncia do presidente do Iêmen, Ali Abdullah Saleh, embates violentos entre forças do governo e oponentes ao regime deixaram pelo menos 10 mortos ; cinco civis e cinco militares ; na capital, Sanaa. Explosões ocorreram em diferentes partes da cidade e colunas de fumaça foram vistas nos bairros onde houve os confrontos. Na sexta-feira, o Conselho de Segurança da ONU aprovou resolução propondo que Saleh, no cargo há 33 anos, deixasse o poder em troca de imunidade. Inicialmente, o governo iemenita se disse pronto para ;lidar positivamente; com a proposta, mas não demorou muito para que uma nova onda de confrontos explodisse em Sanaa.

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