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Lei islâmica será base do governo líbio, diz líder do governo de transição

postado em 23/10/2011 18:41
Brasília - O líder do Conselho Nacional de Transição (CNT) da Líbia, Mustafa Abdel Jalil, disse hoje (23) que a sharia (lei islâmica) deve ser a base para o novo governo da Líbia. "Qualquer lei que contradiga a sharia islâmica é nula e vazia, legalmente falando", disse Jalil, durante a cerimônia em que o governo interino declarou oficialmente a libertação do país.

A cerimônia foi realizada em Benghazi, berço da revolta contra o regime do ex-líder Muammar Khadafi, diante de milhares de pessoas. Khadafi foi morto na quinta-feira (20), depois de ser capturado pelas forças do CNT, apoiadas pela Organização Internacional do Tratado do Atlântico Norte (Otan), em sua cidade natal, Sirte. O governo interino sofre pressão para dar início a uma investigação sobre o momento da morte do ex-líder líbio.

Durante a cerimônia, o vice-diretor do CNT, Abdel Hafiz Ghoga anunciou que a Líbia havia sido libertada, dizendo: "Levante sua cabeça. Você é um líbio livre".Em seguida, milhares de vozes repetiram a frase "Você é um líbio livre" em uníssono.

O líder do CNT, Abdel Jalil, ajoelhou-se para agradecer a Deus pela vitória diante da multidão e pediu por perdão, reconciliação e unidade no país. "Hoje nós somos uma só carne nacional. Nos tornamos irmãos unidos como não éramos no passado", disse.

Ele agradeceu a todos os que fizeram parte da revolução, incluindo os jornalistas que a apoiaram, e desejou sorte aos manifestantes antigoverno na Síria e no Iêmen. Ele disse ainda que rejeitaria quaisquer leis que vão contra os princípios da lei islâmica, citando como exemplo a lei sobre poligamia que é vigente no país. "Um exemplo é a lei de casamento e divórcio, que restringe a possibilidade de ter múltiplas esposas. Essa lei vai contra a sharia islâmica e será rejeitada."

Jalil foi aplaudido pela multidão ao mencionar a lei e disse ainda que o governo reformaria o sistema bancário, que também deve estar em conformidade com a sharia. O secretário-geral da Otan, Anders Fogh Rasmussen, comemorou a declaração de liberdade e pediu "uma nova Líbia inclusiva, baseada na reconciliação e no total respeito pelos direitos humanos e pela lei".

Ele afirmou também que a Otan manteria sua "capacidade de responder às necessidades dos civis, se necessário". Horas antes, o primeiro-ministro interino da Líbia, Mahmoud Jibril, disse que as eleições parlamentares devem ocorrer até junho de 2012. Segundo ele, os parlamentares eleitos deverão elaborar uma Constituição que será votada em um referendo popular e formarão um governo interino até as eleições presidenciais.

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