Agência France-Presse
postado em 25/10/2011 16:13
BUENOS AIRES - Um tribunal argentino ditará na quarta-feira a sentença contra o ex-capitão da Marinha Alfredo Astiz, ;o anjo loiro da morte;, e outros 17 militares, pelo desaparecimento de duas monjas francesas entre quase uma centena de crimes de lesa-humanidade durante a ditadura (1976-1983).Astiz, 59 anos, que chegou preso ao julgamento, é acusado de cinco homicídios, 12 privações ilegais de liberdade e de torturas realizadas na Escola de Mecânica da Armada (Esma).
A Esma, que hoje se transformou em um museu da memória, foi um dos mais emblemáticos centros de extermínio da ditadura, por onde passaram 5.000 prisioneiros, dos quais sobreviveram apenas uma centena.
A promotoria pediu prisão perpétua para o ex-capitão da Marinha, enquanto a defesa solicitou sua absolvição alegando "obediência devida". "Isso não é um julgamento, é perseguição por motivos políticos. Este é um tribunal especial. Há terrorismo judicial. Que me julgue um tribunal militar e a verdade vai aparecer", afirmou em sua declaração final doze dias antes da decisão.
Da mesma forma desafiante o réu apresentou-se ao tribunal no início do julgamento há quase dois anos, quando entrou na sala de audiência exibindo em suas mãos o livro "Voltar a matar", do ex-secretário de Inteligência Juan ;Tata; Yoffre.
O ex-capitão, que se infiltrou entre familiares de desaparecidos, é acusado do sequestro de 12 pessoas entre os dias 8 e 10 de dezembro de 1977, em uma operação repressiva conhecida como o "grupo de Santa Cruz", em referência à igreja portenha de onde foram levados a maioria deles.
Entre as vítimas, torturanas na Esma e depois jogadas vivas no mar, nos chamados "voos da morte", estão a fundadora das Mães da Praça de Maio, Azucena Villaflor, e as monjas francesas Leónie Duquet e Alice Domon.
Os restos de Duquet e Villaflor e de outras três mães de desaparecidos apareceram no fim de 1977 em uma praia ao sul de Buenos Aires e foram enterrados como indigentes até que em 2005 puderam ser identificados. Domon permanece desaparecida. Sobre Astiz pesam acusações à revelia à prisão perpétua na França em 1990 e na Itália em 2007.
Nesse julgamento oral, Astiz é acusado também do sequestro e desaparecimento do escritor e jornalista Rodolfo Walsh, sequestrado em 25 de março de 1977.