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Assad afirma que ação ocidental pode provocar terremoto

Agência France-Presse
postado em 30/10/2011 13:59
DAMASCO, 30 outubro 2011 (AFP) - O presidente sírio Bashar al-Assad advertiu que a ação ocidental contra seu país pode provocar um "terremoto" capaz de incendiar a região, poucas horas antes de uma reunião entre a Síria e a Liga Árabe em Doha, em um clima de desconfiança recíproca.

Os militantes pró-democracia voltaram a convocar novas manifestações após um dia violento, para exigir que a Liga Árabe suspenda a Síria.

"As milícias de Assad nos matam há oito meses. Nos prendem e nos despedaçam com granadas. E vocês, árabes, fixados no discurso, o que têm feito?", escreveu um militante no Facebook.

O jornal Al-Qabas (Kuwait) informou que a delegação ministerial da Liga Árabe advertiu os dirigentes sírios na quarta-feira em Damasco que o fracasso da mediação do grupo "provocaria uma internacionalização da crise", incluindo um embargo econômico.

A delegação pediu a Assad que se comprometa com um calendário preciso de reformas, aceite uma reunião de representantes oficiais com a oposição no exterior e acabe com a violência, segundo o jornal.

Uma reunião foi agendada para este domingo em Doha entre a delegação da Liga Árabe e autoridades sírias.

Em uma entrevista ao jornal britânico Sunday Telegraph, Assad afirmou que será criado "outro Afeganistão" se as forças estrangeiras decidirem intervir na Síria como fizeram na Líbia, em uma revolta que terminou com a morte de Muamar Kadhafi.

"A Síria é agora o eixo desta região, a linha de falha, e se jogarem com ela acontecerá um terremoto. Querem ver outro Afeganistão, ou dezenas de Afeganistão?", afirmou Assad em Damasco, segundo um correspondente do jornal.

"Qualquer problema na Síria incendiará toda a região. Se o plano é dividir a Síria, isto dividirá a região em seu conjunto", advertiu.

Ele fez os comentários depois de vários pedidos de adoção de uma zona de exclusão aérea na Síria, como aconteceu na Líbia, e após a intensificação, sexta-feira e sábado, da violência no país, com um balanço de dezenas de militares mortos.

Assad afirmou que suas forças cometeram "muitos erros" no primeiro momento da revolta contra seu regime e insistiu que as ações agora são dirigidas apenas contra os "terroristas".

Também afirmou que a Síria respondeu de forma diferente aos líderes de países como Egito, Tunísia e Líbia, onde os regimes foram derrubados este ano, e insistiu que deu início a reformas.

Os confrontos entre soldados, oficiais das forças de segurança e desertores foram intensos no sábado na Síria, com um saldo de 47 mortos em 24 horas entre as tropas do regime, segundo o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH).

A repressão na Síria provocou, desde 15 de março, segundo a ONU, mais de 3.000 mortes.

Também neste domingo, Assad afirmou a um canal de televisão russo que conta com o apoio de Moscou.

O presidente russo Dmitri Medvedev afirmou a Assad que ele deve aceitar reformas ou renunciar ao poder. No entanto, a Rússia mantém o apoio a Síria no Conselho de Segurança da ONU e vetou resoluções que pediam sanções mais duras contra Damasco.

O emissário da China no Oriente Médio, Wu Sike, declarou no Cairo que advertiu o regime sírio em uma recente visita a Damasco sobre o perigo da continuidade da repressão.

"Esta situação não pode continuar. O regime de Bashar al-Assad tem que respeitar e responder às aspirações e reivindicações legítimas do povo sírio", disse.

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