Agência France-Presse
postado em 02/11/2011 20:01
TRÍPOLI - O secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, disse esta quarta-feira que a ONU ficará ao lado da Líbia em sua transição para a democracia, em sua primeira visita a Trípoli desde o conflito armado que levou à destituição e à morte do líder Muamar Kadhafi."A nova Líbia aspira a ser uma nação livre do medo, livre da injustiça e livre da opressão do passado", disse após reunião com o chefe do Conselho Nacional de Transição (CNT), Mustafá Abdel Khalil, e outros membros do novo regime.
"A ONU será sua parceira para tornar realidade estas esperanças", disse Ban durante a visita, que não foi anunciada previamente por motivos de segurança.
Ele revelou que as conversas que teve com autoridades líbias trataram de "segurança pública e da necessidade de assegurar os arsenais do regime anterior, particularmente os estoques de mísseis disparados de lançadores portáteis, além de armas químicas e biológicas".
"Nós reconhecemos a centralidade dos direitos humanos e da obediência da lei", afirmou o secretário-geral.
"As Nações Unidas estão prontas para apoiar o povo líbio em todas as áreas que discutimos: eleições, uma nova Constituição, direitos humanos, segurança pública e controle de armas", afirmou.
Em entrevista coletiva, Ban pediu o fim imediato da violenta repressão do governo sírio às manifestações de civis, que mataram mais de 3.000 pessoas desde meados de março, segundo números da ONU.
"O assassinato de civis deve parar imediatamente na Síria", disse Ban, que pediu ao presidente sírio, Bashar al-Assad, para implementar um plano de paz árabe "o mais rápido possível, conforme acertado".
"O povo (sírio) sofreu demais por muito tempo e esta é uma situação inaceitável", reiterou.
Durante sua rápida passagem pela Líbia, Ban visitou a fossa coletiva e se encontrou com famílias de pessoas mortas pelas forças de Kadhafi, informou o vice-porta-voz da ONU, Eduardo del Buey.
"Os líbios pagaram um alto preço pela liberdade" e "inspiraram o mundo ao desbancar a tirania", disse, enquanto pediu dos diferentes grupos na Líbia compromisso e união.
"Enquanto a Líbia avança será crítico que o povo alcance o consenso em questões relevantes e permaneça unido. Isto, por sua vez, exigirá um grande pragmatismo e compromisso, especialmente durante esta fase tão importante", afirmou.
Ban visitou a Líbia a caminho da cúpula do G20, em Cannes, na França, onde a situação do país norte-africano será um dos temas em pauta. Sua chegada à cidade francesa era esperada para a noite desta quarta-feira.
O secretário-geral da ONU não visitou o país durante os oito meses de duração do levante armado contra a ditadura de Muamar Kadhafi, que levou à queda do regime líbio e à morte do ditador, em 20 de outubro.
Sua visita ocorre depois de o Conselho de Segurança das Nações Unidas pedir, na segunda-feira, às autoridades interinas da Líbia e de países vizinhos que se erradique a disseminação das armas do enorme arsenal de Kadhafi.