Agência France-Presse
postado em 03/11/2011 18:35
LOS ANGELES - O médico de Michael Jackson, Conrad Murray, agiu com negligência criminosa e provocou a morte do cantor, disse nesta quinta-feira (3/11) um promotor na reta final do julgamento por homicídio culposo do astro, destacando que a evidência contra o cardiologista é "esmagadora".Ao apresentar suas alegações finais na sexta semana de julgamento, o promotor David Walgren disse que Murray violou a "confiança sagrada" entre médico e paciente, causando a morte do paciente e deixando três filhos sem pai. "A evidência neste caso é esmagadora... De que Conrad Murray agiu com negligência criminosa, de que Conrad Murray causou a morte de Michael Jackson, de que Conrad Murray deixou Prince, Paris e Blanket sem pai", afirmou Walgren.
[SAIBAMAIS]"Para eles, este caso não acaba hoje ou amanhã ou no dia seguinte. Para os filhos de Michael este caso será para sempre porque não têm pai", declarou. "Eles não têm pai por causa das ações de Conrad Murray", acrescentou.
Murray é acusado de provocar a morte de Jackson, ao dar ao paciente uma overdose do poderoso analgésico cirúrgico propofol, em combinação com outros sedativos, em 25 de junho de 2009, para ajudar o rei do pop a dormir.
A defesa tem argumentado que Jackson era um viciado desesperado, que provocou a própria morte ao tomar mais medicamentos, enquanto Murray estava fora do quarto do cantor, em uma mansão nos arredores de Los Angeles.
Mas Walgren disse que, enquanto médico, Murray estava encarregado da situação e não pode se esquivar da responsabilidade pelas drogas que mataram Jackson. "Um médico tem uma obrigação solene, em primeiro lugar, de não provocar danos... Conrad Murray violou esta confiança sagrada uma e outra vez", acrescentou, falando diretamente ao júri, formado por sete homens e cinco mulheres.
Segundo Walgren, o júri ouviu 49 testemunhas e viu mais de 330 provas em mais de cinco semanas, questionou Murray várias vezes e o acusou de pensar só em seu salário de 150 mil dólares ao mês para assistir Jackson. "Em último caso... Este caso se reduzirá a se Conrad Murray agiu com negligência grave ou com negligência criminosa ao tratar Michael Jackson", afirmou.
Murray tinha a obrigação legal de cuidar do astro, disse, acrescentando: "o descumprimento desta obrigação legal é negligência criminosa". O cardiologista de 58 anos pode ser condenado a até 4 anos de prisão e poderá perder a licença médica se for considerado culpado pela morte de Jackson.
O cantor morreu vítima de uma "intoxicação aguda de propofol", um poderoso analgésico, em sua mansão alugada no luxuoso distrito de Holmby Hills, arredores de Los Angeles.
Depois das alegações finais de Walgren, o advogado de defesa de Murray, Ed Chernoff, deverá tomar a palavra para a difícil tarefa de convencer o júri de que Jackson era um viciado desesperado que provocou sua própria morte. Mas a argumentação da defesa foi prejudicada pelo próprio relato de Murray sobre as últimas horas de Jackson. Segundo o médico disse à polícia, ele deu uma série de sedativos ao cantor, como lorazepam e midazolam, para que superasse a insônia da qual padecia.
Murray disse ter deixado Jackson por apenas dois minutos para ir ao banheiro e ao voltar, viu que não respirava. Mas suas afirmações foram rebatidas por uma série de fatores, além do registro de uma série de ligações por celular de Murray a amigas no momento em que Jackson aparentemente jazia em seu leito de morte.
Depois de escutar os argumentos finais, o júri - que assistiu depoimentos, às vezes chocantes, outras desconcertantes - se retirará para avaliar seu veredicto.