Agência France-Presse
postado em 08/11/2011 19:06
BUENOS AIRES - Um tribunal argentino pediu nesta terça-feira a captura de sete militares em meio a um processo pelo desaparecimento de 60 vítimas da ditadura, entre elas uma francesa, em San Juan (oeste), que tem o ex-general Luciano Menéndez e o tenente Jorge Olivera como principais acusados.O Tribunal Oral Federal de San Juan pediu a captura nacional e internacional dos sete militares, que não se apresentaram na segunda-feira no início do primeiro julgamento por crimes de lesa-humanidade na província de San Juan.
O ex-general Menéndez acompanha as audiências por teleconferência na cidade de Córdoba (700 km ao norte), onde enfrenta uma das seis condenações à prisão perpétua por violações aos direitos humanos na ditadura (1976-1983), que já pesam sobre ele. No entanto, estiveram sentados no banco dos réus os tenentes reformados Jorge Olivera e Daniel Gómez, os suboficiais Alejandro Lazo e Benito Martell e o ex-chefe da delegação da polícia federal, o comissário Horácio Nieto.
Os sete foragidos são Carlos Malatto, Juan del Torchio, Gustavo de Marchi, Eduardo Cardoz, Jorge Páez, Eduardo Vic e o então chefe da polícia estadual Juan Carlos Coronel.
Menéndez é acusado por 60 casos analisados nesse processo, entre eles o desaparecimento e a tortura da cidadã francesa Marie-Anne Erize e do militante do grupo guerrilheiro Montoneros (peronistas de esquerda) José Carbajal. Também é julgado pelas prisões ilegais e torturas do atual governador de San Juan, José Luis Gioja, e de seu irmão, o agora senador César Gioja, além dos juízes Margarita Camus, filha de um ex-governador, e Abel Soria Vega, e do sindicalista e deputado eleito José Villa, entre outros.
Olivera, que também foi advogado de repressores, é acusado do sequestro e desaparecimento de Erize, que integra a lista de 18 franceses vítimas da ditadura argentina.
Erize tinha 24 anos quando foi sequestrada em via pública em San Juan em 15 de outubro de 1976 e segue desaparecida.
No ano 2000, durante viagem pela Itália, Olivera havia sido preso em Roma a pedido da Justiça francesa, mas após 42 dias de prisão foi libertado mediante um atestado de óbito falso da jovem francesa, pelo que se considerou um crime prescrito. Após a anulação das leis de anistia em 2003, voltou a ser acusado e preso em 2007 na Argentina.