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Unesco suspende projetos até o fim do ano, após corte de recursos dos EUA

Agência France-Presse
postado em 10/11/2011 19:55
PARIS - A Organização das Nações para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) anunciou, esta quinta-feira (10/11), a suspensão de parte de seus projetos até o fim do ano, depois que os Estados Unidos retiraram seu financiamento, após a admissão da Palestina como membro da instituição.

Em discurso feito a diplomatas na sede da Unesco, em Paris, Irina Bokova, diretora-geral da organização, afirmou que a agência tem um déficit de US$ 65 milhões e precisará suspender suas atividades até o fim do ano. "A situação, peso minhas palavras, é difícil", afirmou Bokova aos representantes do conjunto de Estados-membros da instituição.

Pouco depois, uma porta-voz da Unesco informou à AFP que as medidas anunciadas por Bokova só dizem respeito aos "novos gastos". "Não vamos fechar. Respeitaremos os compromissos já assumidos, mas não faremos novas despesas daqui até o fim do ano", explicou.

As medidas afetam, sobretudo, compromissos contratuais, publicações, custos de comunicação, viagens de pessoal, etc. Estas medidas de economia não representam o cancelamento da sessão do Comitê Intergovernamental da Unesco para a Salvaguarda do Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade, que será celebrada em Bali, Indonésia, de 22 a 29 de novembro, afirmou a porta-voz.

Segundo a diretora-geral, os cortes permitirão "poupar 35 milhões de dólares, que com a utilização de 30 milhões de dólares do fundo de operações, completarão este ano o déficit de tesouraria estimado em 65 milhões de dólares". "Este déficit corresponde à quantia devida pelos Estados Unidos no ano de 2011", afirmou Irina Bokova no encerramento da conferência geral da organização.

Para os anos 2012-2013, nos quais a Unesco enfrenta uma previsão de déficit de US$ 143 milhões, Bokova disse estar disposta a "tomar medidas radicais" e "aproveitar a situação para reduzir ainda mais os gastos administrativos". Por enquanto, decidiu criar um fundo de emergência aberto a doações de instituções, fundações e pessoas físicas. "Recebemos milhares de depoimentos de apoio após a decisão dos Estados Unidos", afirmou a porta-voz da agência da ONU.

O fundo, cujas modalidades de funcionamento estão por definir, teria como objetivo financiar as atividades chave da Unesco, explicou Bokova. A diretora-geral propôs também aos Estados-membros que aumentem suas contribuições para dobrar o fudo de operações da agência, de US$ 30 a US$ 65 milhões de dólares.

A Unesco admitiu, em 31 de outubro, a "Palestina como novo Estado-membro" apesar das ameaças americanas, na primeira vitória diplomática dos palestinos, que pretendem se tornar um Estado soberano.

Os Estados Unidos, que deveriam destinar à Unesco 60 milhões de dólares em novembro, aporta 22% do orçamento ordinário bianual desta organização, que antes do anúncio desta quinta-feira chegava a US$ 653 milhões.

Antes da admissão da Palestina na Unesco, concretizada durante votação em sua 36; Conferência Geral, os Estados Unidos advertiram que se esta iniciativa prosperasse, suspenderia seus aportes em virtude de duas leis de 1990 e 1994, que proíbem o financiamento de instituições internacionais que admitam palestinos como membros de pleno direito.

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