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Três perguntas para o professor Shah Mahmoud Hanifi sobre o Afeganistão

postado em 17/11/2011 08:00

Shah Mahmoud Hanifi é professor da Universidade James Madison, especialista em história moderna do Oriente Médio

[SAIBAMAIS]

Quais são as expectativas para a Loya Jirga, em Cabul, esta semana?
Eu acho que depende de quais expectativas estamos falando. Para os norte-americanos e para a "comunidade internacional" (que ocuparam militarmente o país), as expectativas são de que esses "líderes tribais" façam algum consentimento sobre o plano de "transição". Não importa que tipo de líderes tribais eles são, e há muitas tribos diferentes, eles vão querer as tropas de ocupação fora do país. Karzai está em dívida com os ocupantes e é responsável pelos líderes tribais, que assumiram a tarefa de se comunicar com a população em geral, mas é claro que esse assunto é bem delicado. Assim, a melhor esperança para o governo afegão é encontrar uma linguagem que, de alguma forma, quebre a divisão entre os exércitos de ocupação e as pessoas que vivem sob a ocupação. Mas, para os afegãos comuns, a Loya Jirga é uma farsa orquestrada.



O presidente Karzai falou sobre as condições para manter as parcerias com os EUA. Por que ele fez esse discurso?
Karzai não fala, a menos que os norte-americanos o mandem falar. Assim, o que ele disse é projetado, principalmente, para satisfazer seus benfeitores americanos, enquanto a população afegã o vê como uma marionete. Ele está, claramente, em uma posição de dificuldade.



Você acha que, do encontro desta semana, pode surgir algum tipo de união entre as tribos afegãs?
Não. Muito pelo contrário. Enquanto o país está sob ocupação e há as divisões entre o norte e o sul (pashtun e não-pashtun), essa desunião continuará intensificada. Os Loya Jirgas são inventados para aplacar a opinião pública internacional. Há muito pouco de aspectos locais. Eles são financiados e, literalmente, criados para atender às necessidades de pessoas de fora. Loya Jirgas em Cabul não servem ao povo do Afeganistão, servem a pessoas que ocupam o Afeganistão.

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