Agência France-Presse
postado em 17/11/2011 18:00
VALPARAISO - Confrontos entre manifestantes e a polícia ocorreram no fim de uma marcha de professores e estudantes em Valparaíso, cidade sede do Congresso chileno, no início de 48 horas de protestos exigindo educação gratuita e de qualidade que na sexta-feira incluem uma marcha em Santiago.Os incidentes ocorreram enquanto se desenvolvia o ato central no final da marcha, que reuniu cerca de 7.000 manifestantes, de acordo com a polícia, e 40.000, segundo os organizadores, e que foi iniciada depois do meio-dia na Praça Sotomayor de Valparaíso, a cerca de 120 km a oeste de Santiago.
Um grupo de encapuzados tentou ultrapassar as cercas colocadas pela polícia, e atacou com pedras e paus os agentes de forças especiais, que responderam aos ataques lançando jatos d;água e bombas de gás lacrimogêneo, constatou a AFP.
A polícia não entregou até agora um relatório sobre o número de detidos após os confrontos, que ocorreram por quase duas horas.
Cerca de 2.500 professores chegaram a Valparaíso em uma caravana de 55 ônibus, que à tarde previa se dirigir a Santiago, para se somar a uma marcha prevista para sexta-feira no centro da cidade, em meio a um novo protesto de 48 horas exigindo educação pública gratuita e de qualidade.
Estudantes e professores tentam pressionar por um aumento no orçamento da Educação para 2012 discutido atualmente no Congresso, e por uma lei que transfere a administração das escolas públicas dos municípios para o governo federal, no que se chamou de "desmunicipalização", e que deve entrar em debate até o fim do mês no Parlamento.
"Este é um tema (a desmunicipalização) que surgiu dentro desse movimento social pela educação e há um compromisso por parte do governo de entregar esse projeto em 30 de novembro. No entanto, estamos a duas semanas desse prazo e não sabemos nada desse projeto", afirmou o presidente do Colégio de Professores, Jaime Gajardo.
Os colégios públicos estão nas mãos dos municípios após uma lei ditada durante a ditadura de Augusto Pinochet, que rebaixou a menos da metade o aporte público à educação e fomentou a inclusão dos colégios privados.
Apenas 40% dos alunos chilenos vão a colégios públicos, que na maioria têm pior qualidade que os privados e os de caráter misto, um sistema que conta com mais da metade das matrículas chilenas e no qual os pais e o Estado contribuem com o pagamento de mensalidades.
No nível universitário, no entanto, não existe a possibilidade de estudar de graça no Chile e, por isso, os estudantes devem recorrer a empréstimos.