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Irmandade Muçulmana líbia realiza 1º congresso público em 25 anos

BENGHAZI - A Irmandade Muçulmana líbia, reprimida sob o regime de Muamar Kadhafi, inaugurou nesta quinta-feira (17/11) à noite em Benghazi seu primeiro congresso público em quase 25 anos. "É um dia histórico para nós e para o povo líbio", declarou à AFP Suleiman Abdel Kader, chefe da Irmandade Muçulmana na Líbia.

Segundo autoridades da organização, é a primeira vez em quase 25 anos que realizam um congresso público na Líbia, onde se reuniam regularmente, mas em segredo, por medo de represálias. Organizavam congressos públicos somente no exterior.

Nos próximos três dias, a Irmandade Muçulmana líbia deve escolher um novo líder (ou renovar o mandato do atual) e discutir sua estratégia daqui para frente, decidindo particularmente se fundam um partido político, afirmou Abdel Kader.

A organização apoia a ideia de um Estado "civil", mas fundado em valores islâmicos, explicou. "O Estado (deve ser) civil e sua identidade (deve ser) o Islã. No Islã não há Estado religioso. Nós vemos no Islã o fundamento da liberdade, da justiça e da igualdade", disse.

Anteriormente, uma responsável pela ala feminina da Irmandade, Majda al Fallah, chamou as mulheres "a se libertar". "Chamamos à libertação da mulher, mas sem exportar o modelo ocidental. Chamamos a um modelo islâmico", disse em uma sala cheia. "A mulher líbia deve participar da elaboração da nova Constituição, deve participar em todos os âmbitos, político, econômico, social", declarou posteriormente à AFP.

Os islamitas são uma importante força política na era pós Kadhafi na Líbia. Dizem que querem promover um Islã moderado e que estão dispostos a dividir o poder em meio a um Estado democrático.