Agência France-Presse
postado em 18/11/2011 18:41
SANTIAGO - Milhares de estudantes e professores voltaram a protestar nesta sexta-feira pelo centro de Santiago após a manifestação de quinta-feira no porto de Valparaíso, exigindo educação pública gratuita e de qualidade, em um protesto que voltou a ser concluído com confrontos.Estudantes e professores se reuniram nos arredores da Universidade de Santiago, no oeste da avenida Alameda, no centro, para começar a passeata, assim como fizeram mais de 40 vezes desde 28 de abril, quando iniciaram as mobilizações. A polícia indicou inicialmente o número de manifestantes em 4 mil e não informou o número de detidos.
[SAIBAMAIS]A manifestação ocorreu de forma pacífica durante todo o percurso, mas no final, enquanto se desenvolvia um ato central de encerramento, encapuzados lançaram pedras e paus contra a polícia, que repeliu os ataques com bombas de gás lacrimogêneo e jatos d;água.
Incidentes semelhantes foram registrados no encerramento da maior parte das manifestações estudantis.
Anteriormente, líderes do Colégio de Professores e da Confederação de Estudantes do Chile (Confech) entregaram uma carta ao porta-voz do governo, Andrés Chadwick, com seus pedidos sobre o processo de "desmunicipalização", ou seja, a transferência da administração das escolas públicas dos municípios para o governo federal, medida que o governo se compremeteu a impulsionar, mas ainda não concretizou.
A mobilização desta sexta-feira soma-se à marcha de quinta-feira em Valparaíso, sede do congresso chileno (120 km a oeste de Santiago), que reuniu cerca de 7.000 manifestantes e terminou com nove detidos.
Estudantes e professores protestaram há mais de seis meses pela educação pública, em um país que tem um dos sistemas educacionais mais segregados do mundo como herança da ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990), que reduziu a menos da metade o aporte público à educação, fomentou a participação de escolas privadas e transferiu a administração da educação aos municípios.
Atualmente, o diálogo foi interrompido entre os estudantes e o governo, que não cedeu para uma reforma estrutural do sistema, que permite que apenas 40% dos estudantes recorra a colégios públicos gratuitos, de menor qualidade que os privados, e os que têm financiamento misto, que reúnem 50% dos alunos.
No nível universitário, no entanto, não existe a possibilidade de estudar gratuitamente. As universidades públicas cobram mensalidades tão altas como as privadas, fazendo com que os estudantes tenham de recorrer a financiamentos.