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Manifestantes prosseguem inabaláveis no quinto dia de conflitos no Egito

Agência France-Presse
postado em 23/11/2011 12:26

Cairo - Violentos confrontos prosseguiam nesta quarta-feira (23/11) pelo quinto dia consecutivo entre a polícia e milhares de egípcios que exigem a saída dos militares do poder, apesar da promessa do chefe das Forças Armadas de organizar uma eleição presidencial em meados de 2012.

Pela primeira vez, médicos relataram mortes por balas de verdade. Pela manhã, três pessoas morreram, o número de mortos subiu para 33 desde sábado. A contestação contra os militares que governam o país desde a queda do presidente Hosni Mubarak continua a se espalhar por várias cidades do país.

Confrontos foram relatados em Alexandria e Port-Sa;d (norte), Suez, Qena (centro), Assiut e Aswane (sul) e na província de Daqahliya, no delta do Nilo. alta comissária da ONU para os direitos Humanos, Navi Pillay, pediu uma investigação "rápida, imparcial e independente" sobre a violência. itos militantes egípcios acusam os policiais de mirarem o rosto dos manifestantes, vários entre eles perderam a visão.

Pressionado, o marechal Hussein Tantawi, chefe de Estado de fato, afirmou que organizará uma eleição presidencial antes do fim de junho de 2012. Ele disse estar pronto para passar o poder adiante caso um eventual referendo decida por isso. milhares de manifestantes, determinados a continuarem em Tahrir até o fim, não acreditam nas palavras do marechal, que foi ministro da Defesa do antigo regime e que é muito comparado com seu mentor Hosni Mubarak.

"Está claro que a mesma pessoa que escrevia os discursos do ex-presidente Mubarak é a mesma que escreve os discursos do marechal", ironiza o Movimento dos Jovens do 6 de abril em um comunicado. antawi é Mubarak copiado e colado. É Mubarak vestido com roupas militares", afirmou um manifestante, Ahmed Mamduh, de 35 anos.

Durante o levante histórico que derrubou o ex-presidente, a multidão ocupou a emblemática Praça Tahrir, no centro da capital. Cada discurso de Mubarak aumentava a ira dos manifestantes até o momento em que foi obrigado a deixar o poder no dia 11 de fevereiro. determinação da rua, que já provocou a renúncia do governo escolhido pela junta militar, sugere uma queda de braço longa, já que as primeiras legislativas desde a queda Mubarak devem acontecer em cindo dias.

"Uma segunda revolução" foi a manchete desta quarta-feira do jornal Al Akhbar, enquanto o Al Ahram afirmou: "mais o período de transição se prolonga, mais a crise de confiança se aprofunda entre as duas partes". conselho (militar) é o problema e não a solução", disse o editorial do jornal independente Al Masri al Yom.

Neste contexto de crise, é possível prever que as legislativas serão marcadas pela violência. Mas, Tantawi assegurou que elas acontecerão no dia 28 de novembro. chefe das Forças Armadas também aceitou a renúncia do primeiro-ministro Essam Charaf, nomeado pelo conselho militar em março para gerir os assuntos cotidianos.

Estes anúncios foram feitos após a reunião do Conselho Superior das Forças Armadas (CSFA) com vários movimentos políticos, entre eles a influente Irmandade Muçulmana. CSFA evocou a possibilidade de nomear o antigo chefe da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Mohamed ElBaradei, como novo primeiro-ministro, afirmou uma fonte militar, mas esta hipótese não foi confirmada.

ElBaradei, por sua parte, denunciou o "massacre" na Praça Tahrir e acusou as forças de segurança de utilizar "gás lacrimogêneo contendo agentes nervosos". Irmandade Muçulmana, que representa a força política melhor organizada do país, boicotou a manifestação de Tahrir e na terça-feira pediu calma. O grupo espera ansioso as eleições.

Os Estados Unidos condenaram "o uso de força excessiva" pela polícia e pediu que o governo proteja o direito de manifestação, enquanto três americanos foram presos "por estarem nas manifestações", segundo o departamento de Estado.

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