Agência France-Presse
postado em 23/11/2011 17:37
CIDADE DO VATICANO - O núncio apostólico do Vaticano no Egito, monsenhor Michael Fitzgerald, pediu a todas as partes envolvidas na crise, no Egipto, que garantam "o bom desenvolvimento" das eleições que começam no próximo 28 de novembro no país."É preciso fazer todo o possível" pelas eleições, declarou o representante do Papa no Egito, em entrevista divulgada nesta quarta-feira pela agência de informação dos missionários, MISNA.
"Sem o voto democrático, a voz do povo egípcio não será ouvida. Consideramos urgente que as forças presentes, dos militares aos manifestantes, passando pelos partidos e movimentos de oposição, façam todo o possível para garantir o processo eleitoral", afirmou.
Milhares de egípcios continuavam se manifestando nesta quarta-feira, no Cairo, assim como em outras cidades do país, para pedir a saída dos militares do poder, apesar da promessa do comandante do exército de realizar eleição presidencial em meados de 2012, garantindo o retorno do poder civil.
Monsenhor Fitzgerald considera que as medidas adotadas pelo conselho militar, como aceitar deixar o poder, e consentir na participação popular nas urnas, deixa o país num clima "menos tenso".
"No entanto, há um sentimento de insatisfação geral com a repressão e a violência cometida pelos militares, em particular entre os jovens, tanto muçulmanos quanto cristãos", relatou o diplomata da Santa Sé.
O Vaticano costuma ser muito prudente com o Egito, depois da ruptura do começo do ano com a maior instituição do Islã sunita no Egito, a Academia Al-Azhar, devido, oficialmente, aos "ataques" do Papa Bento XVI ao Islã.
Bento XVI denunciou discriminações, abusos e a intolerância religiosa contra os cristãos egípcios depois de um atentado que causou 21 mortos na noite de 31 de dezembro, numa igreja copta ortodoxa da Alexandria.