Agência France-Presse
postado em 24/11/2011 17:53
BUENOS AIRES - O ex-ditador argentino Jorge Videla foi acusado nesta quinta-feira da morte do bispo Enrique Angelelli, em 1976, que o regime de então (1976/83) atribuiu a um acidente de trânsito, informou uma fonte judicial. A decisão foi tomada pelo juiz federal Daniel Herrera Piedrabuena, da província de La Rioja (noroeste), onde Angelelli exercia a função sacerdotal e onde foi assassinado aos 53 anos, divulgou o Centro de Informação Judicial (CIJ).Videla, de 86 anos, ditador entre 1976 e 1981, já condenado à prisão perpétua por outros crimes contra os direitos humanos, também terá que responder por associação criminosa, pelo que teve embargados bens, no valor de 300.000 pesos (US$ 70.100).
Junto a ele, foram acusados pelos mesmos crimes, também com bens embargados, os ex-generais Luciano Menéndez (84 anos) e Albano Harguindeguy (84), ministro do Interior, na época.
Angelelli vinha denunciando assassinatos e a repressão a movimentos sociais até morrer, num episódio confuso, no dia 4 de agosto de 1976. A versão da ditadura dizia que ele perdeu o controle do veículo que dirigia, numa estrada da província de La Rioja.
O prelado retornava de uma homenagem aos sacerdotes Gabriel Longueville (francês) e Carlos Murias (argentino), sequestrados, torturados e fuzilados duas semanas antes em La Rioja, onde ajudavam as pessoas pobres. "Uma investigação policial chegou a ser arquivada, nesse ano, pela justiça provincial", recordou o CIJ em comunicado.
Em 1984, a Justiça conseguiu provas do crime - um outro carro investiu contra o veículo dirigido pelo sacerdote, fazendo-o tombar. Angelelli foi retirado, agredido na nuca e seu corpo foi arrastado para o meio da estrada, onde ficou estendido, em forma de cruz.