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Marrocos realiza suas primeiras eleições desde as reformas

RABAT - O Marrocos realiza eleições legislativas nesta sexta-feira, as primeiras desde que o rei introduziu reformas constitucionais em resposta aos conflitos da Primavera Árabe, com previsão de grande evolução do partido islâmico.

Os principais concorrentes neste processo eleitoral, o segundo no norte da África desde que a Primavera Árabe começou, são: o moderado partido Justiça Islâmica e Desenvolvimento e uma série de partidos liberais seculares.

Pesquisas de opinião não são permitidas no Marrocos, mas os observadores dizem que o Justiça e Desenvolvimento pode surgir como o mais votado, depois de um êxito similar de um partido islâmico moderado na primeira eleição democrática da Tunísia, no mês passado.

Os principais rivais do partido são o de centro-direita Partido da Independência, do primeiro-ministro Abbas El Fassi, e a Coalizão para a Democracia, um bloco pró-monarquia de oito partidos que inclui dois dos cinco partidos do governo.

As eleições acontecem menos de cinco meses depois de um referendo, em julho, que aprovou por maioria esmagadora uma nova constituição proposta pelo rei Mohammed VI, com regimes autocráticos sendo derrubados nas proximidades, na Tunísia, no Egito e na Líbia.

A Constituição alterada dá ao Parlamento maior influência no processo legislativo e fortalece o papel do primeiro-ministro, que agora deve ser nomeado pelo rei no partido que ganhar a maioria na Assembleia.

O comparecimento às urnas às 17h00, apenas duas horas antes do fechamento, era de 34%, o que sugere que vai ser maior do que o recorde de 37% das últimas eleições parlamentares em 2007.

O Marrocos tradicionalmente sofre com o baixo comparecimento às urnas e, desta vez, com o pedido do movimento pró-reforma 20 de Fevereiro de boicote às urnas, que argumentou que as reformas da Monarquia Constitucional não eram suficientes.

"Para o governo, o grande comparecimento às urnas nas eleições de 2011 daria credibilidade para a reforma constitucional adotada em julho", disse Omar Bendorou, um professor de Direito Constitucional da Universidade Mohamed V, em Rabat.

Durante o dia, comerciais de TV pediam aos marroquinos para "cumprir o dever nacional deles" ao votar, enquanto boletins informativos explicavam repetidamente como as pessoas poderiam encontrar seus locais de votação.

O complexo sistema de representação proporcional do Marrocos é composto de parlamentos fragmentados e nenhum partido deve obter a maioria absoluta. Com isso, o vencedor terá que governar em coalizão.

No total, 31 partidos estão disputando 395 cadeiras na câmara baixa do parlamento, 70 a mais que nas últimas eleições. As 90 cadeiras restantes são eleitas a partir de uma famosa lista nacional, com 60 posições para mulheres e 30 para os candidatos com menos de 40 anos.

Os primeiros resultados das eleições devem ser divulgados antes da meia-noite, enquanto os resultados finais serão anunciados sábado.