Agência France-Presse
postado em 26/11/2011 19:28
CAIRO - A Liga Árabe estabeleceu neste sábado uma série de sanções contra a Síria, determinando especialmente um congelamento das contas do governo sírio no estrangeiro e a proibição de viagens de dirigentes sírios aos países árabes.O projeto de resolução, aprovado pelos ministros das Finanças da Liga Árabe reunidos no Cairo, estipula "o congelamento das contas bancárias do governo sírio" nos países árabes, a suspensão das "transações financeiras" com Damasco e o bloqueio de "todas as transações com o Banco Central" sírio.
A decisão prevê ainda o "congelamento de todas as transações comerciais de governo para governo, exceto as de produtos essenciais para a população síria".
A lista de sanções também inclui a suspensão de voos procedentes e para o território sírio a partir de países da Liga Árabe, e recomenda a suspensão dos projetos e investimentos na Síria.
As medidas serão apresentadas neste domingo aos chanceleres do grupo, no Cairo, para sua aprovação final.
A medida é adotada após o regime sírio ignorar o ultimato da Liga Árabe para acabar com a repressão no país, que segundo as Nações Unidas já deixou mais de 3.500 mortos desde março passado.
O ministro sírio das Relações Exteriores, Walid Mualem, acusou hoje a Liga Árabe de querer "internacionalizar" a crise, ao reagir à outra decisão do grupo, a de pedir à ONU que "tome as medidas necessárias para apoiar seus esforços em busca de uma solução para a crise".
Segundo Mualem, esta decisão da Liga Árabe "pode ser vista como um sinal verde à internacionalização da situação na Síria e uma intromissão nos assuntos internos".
No território sírio, oito soldados morreram e 40 ficaram feridos neste sábado em um ataque de militares dissidentes na região de Idleb, a 320 km a noroeste de Damasco, informou o Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH).
"Um grupo de desertores atacou uma coluna militar que seguia em sete veículos para o povoado de Ghadka a Maaret al Nooman. Oito morreram e 40 ficaram feridos, enquanto os desertores puderam se retirar sem sofrer baixas", afirmou o OSDH em comunicado.
Desde quinta-feira, as tropas regulares sírias sofreram 47 baixas em ataques de militares dissidentes, segundo o OSDH e a agência oficial Sana.
As atividades do Exército Livre Sírio (ELS), que reivindica contar com cerca de 20.000 desertores e cujo chefe, o coronel Riad al Assad está na Turquia, aumentaram nas últimas semanas. Na sexta-feira, milhares de sírios protestaram para apoiar os militares dissidentes e pedir ao ELS que proteja "a revolução pacífica".
Em Homs, no centro do país, sete civis - incluindo duas crianças de 9 e 10 anos - morreram por disparos das forças de segurança, que mataram outro civil, em Deir Ezzor, 460 km a noroeste da capital, segundo o OSDH.