postado em 29/11/2011 16:40
O ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, defendeu nesta terça-feira (29/11) a desmilitarização da Síria como alternativa para encerrar a onda de violência no país que dura oito meses. O chanceler disse ainda que a mediação de um acordo de paz na região deve ser feita pela Liga Árabe, formada por 23 nações, inclusive a Síria, que está temporariamente suspensa do bloco. Ele lembrou que uma intervenção militar no país pode causar prejuízos à população.;Intervenção militar tem de ser autorizada pelo Conselho de Segurança [das Nações Unidas], que tem estado muito dividido em relação à Síria. Isso porque não está claro o que uma intervenção militar poderia realizar de positivo para a população e a democracia na Síria;, disse Patriota. ;Neste momento, o que a gente precisa é desmilitarizar a situação na Síria. Quem está em melhor posição de fazer isso é a Liga Árabe.;
Patriota condenou a violência contra opositores do regime de Bashar Al Assad. O chanceler classificou como ;muito graves; as informações prestadas pela Comissão de Investigação de Direitos Humanos das Nações Unidas, de que as forças de segurança ligadas ao presidente sírio são responsáveis por torturas, assassinatos, estupros e desaparecimentos na região.
;As acusações são muito graves, estamos examinando o seu conteúdo [o relatório da comissão da ONU tem 40 páginas]. Lembro que o Brasil se posicionou sempre a favor das manifestações por melhor governo, mais democracia, melhores oportunidades econômicas e de emprego e organização para os países árabes. Ao mesmo tempo deixou claro que é inaceitável a utilização do aparato do Estado para a repressão violenta e armada contra manifestantes;, disse Patriota.
O chanceler conversou ontem (28) com o secretário-geral da Liga Árabe, Nabil El Arabi. De acordo com Patriota, a Liga Árabe trabalha com duas hipóteses: aguardar que Assad autorize a entrada de 500 observadores estrangeiros ao país e intensificar a pressão contra o governo para impedir o agravamento da situação.
Patriota e Arabi conversaram no mesmo dia que os peritos da Comissão de Investigação de Direitos Humanos das Nações Unidas divulgaram o relatório que confirma que os casos de violação aos direitos humanos na Síria têm ligação direta com as forças de segurança ; policiais e militares ; do governo. Por dois meses, a comissão coletou 223 depoimentos de vítimas e testemunhas.
As investigações da comissão da ONU começaram em 26 de setembro. Integraram o grupo de peritos o brasileiro Sérgio Pinheiro, especialista em direitos humanos, a turca Yakin Erturk, especialista na área da violência contra as mulheres, e a norte-americana Karen Abou Zayd, especialista nas questões humanitárias e refugiados.