Agência France-Presse
postado em 30/11/2011 20:51
NAYPYIDAW - A secretária de Estado americana, Hillary Clinton, desembarcou nesta quarta-feira em Mianmar para a primeira visita de uma autoridade americana deste nível ao país em 50 anos. Pouco antes de chegar a Mianmar, Hillary ressaltou nesta quarta-feira que os Estados Unidos esperam que os esforços de reformas se traduzam em um verdadeiro "movimento pela mudança, que beneficiará o povo".A secretária de Estado disse aos jornalistas que ela mesma determinará "quais são as intenções do governo atual relativas a manutenção das reformas, políticas e econômicas".
Mianmar tem um novo regime "civil", mas o presidente da junta é um ex-militar e o governo está sob controle dos militares. Há alguns meses o regime iniciou reformas políticas.
Em uma das nações mais pobres do mundo, o novo regime surpreendeu com uma série de reformas executadas em ritmo desenfreado, que permitiu em particular que a líder opositora Aung San Suu Kyi, Prêmio Nobel da Paz, voltasse à vida política ano passado, depois de um prolongado período de prisão domiciliar.
Aung San Suu Kyi disse esperar que a secretária de Estado americana aproveite sua visita histórica a Mianmar para estimular o regime a acelerar as reformas, declarou a opositora birmanesa nesta quarta-feira, na véspera de uma reunião com Hillary em Yangun. "Espero que a visita da secretária de Estado Clinton abra caminho para uma relação melhor (...) e que haja uma espécie de entendimento que estimule o avanço das reformas", declarou, durante uma videoconferência entre Mianmar e Washington.
A China foi a principal apoiadora do governo dominado por militares que sucedeu a junta militar após as controversas eleições do ano passado, mas muitos cidadãos não gostam da influência econômica de Pequim no país.
Antes da viagem de Hillary, o chefe militar de Mianmar visitou Pequim para reafirmar as relações amigáveis entre os dois países, apesar de Thein Sein ter surpreendido observadores recentemente quando ele cedeu à oposição da opinião pública e paralisou as obras de uma represa que beneficiaria a China.
Um jornal estatal chinês alertou nesta quarta-feira que Pequim defenderia seus interesses no vizinho rico em recursos naturais. "A China não resiste ao fato de Mianmar procurar melhorar as relações com o Ocidente, mas não aceitará isso enquanto seus interesses forem prejudicados", disse o jornal, citando a visita de Hillary.
A secretária de Estado, que pretende estimular "um movimento pela mudança", deve se reunir na quinta-feira com o presidente Thein Sein, ex-general e primeiro-ministro da junta, antes de um encontro em Yangun com Suu Kyi.
O presidente americano, Barack Obama, anunciou pessoalmente a visita da secretária de Estado e citou o surgimento de uma esperança em Mianmar.
Hillary Clinton deve insistir no pedido de libertação de todos os presos políticos - entre 500 e 1.600 - e na solução dos conflitos com as minorias étnicas.