Agência France-Presse
postado em 01/12/2011 18:24
BRUXELAS - Europa e Estados Unidos endureceram a sanções econômicas sobre a Síria nesta quinta-feira, aumentando a pressão internacional depois de a ONU ter informado que 4 mil pessoas morreram em uma repressão aos dissidentes.A violência entre a população se espalhou e um grupo de direitos humanos sírio disse que as tropas atacaram cidades e aldeias nas províncias de Homs, Hama e Daraa, principais focos de conflito, matando 16 civis e prendendo outras dezenas. Pelo menos 4 mil pessoas morreram até agora desde que os protestos contra o governo eclodiram em meados de março, disse a chefe de Direitos Humanos da ONU, Navi Pillay, alertando que o número real de mortos pode ser maior.
Ministros das Relações Exteriores se reuniram com o secretário-geral da Liga Árabe, Nabil al-Arabi, durante almoço em Bruxelas, em uma proposta para mostrar uma frente unida contra a repressão do presidente Bashar al-Assad contra os manifestantes.
Os ministros concordaram em trabalhar com a Liga enquanto esta impõe sanções sem precedentes contra o regime de Assad. "Eles acreditam que isso pode ter um grande efeito sobre o regime, continuam pressionando. Nós estamos muito interessados em apoiar a liderança deles ", disse a chefe da política externa, Catherine Ashton, depois do encontro.
Arabi rejeitou "qualquer acusação de que a Liga Árabe esteja pedindo alguma intervenção" na Síria depois que Damasco acusou membros da organização pan-árabe de incentivar uma internacionalização do conflito.
A UE impôs a décima rodada de sanções ao regime, acrescentando proibições às exportações de gás e de equipamentos da indústria do petróleo para a Síria e a negociação de títulos do governo sírio, em um esforço para sufocá-lo financeiramente.
A UE vai evitar oferecer empréstimos à Síria a taxas baixas e a períodos mais longos de financiamento do que os oferecidos nos mercados comerciais, enquanto as empresas europeias estão proibidas de vender softwares que possam ser usados para monitorar as comunicações por telefone e internet.
A UE acrescentou 12 pessoas e 11 entidades a uma lista negra de pessoas e empresas atingidas pelo congelamento de ativos e proibições de viagens, de acordo com diplomatas. "Tudo isso mostra que, nós europeus, junto com a Liga Árabe, estamos determinados a agir contra essa crueldade e repressão", disse o Ministro das Relações Exteriores, Guido Westerwelle.
Renovando um pedido para que Assad renuncie e abra espaço para uma transição democrática, ministros da UE alertaram que a repressão violenta arriscou colocar a Síria em um "caminho muito perigoso de violência, enfrentamentos sectários e militarização".
De Washington, os Estados Unidos impuseram sanções econômicas a um importante general sírio e um tio de Assad identificado pelo Departamento do Tesouro como um importante conselheiro financeiro do presidente sírio.
As medidas dos EUA também atingiram um Ministro de Defesa, a Military Housing Establishment e o Real Estate Bank, controlado pelo governo que, segundo o Tesouro, administra os empréstimos do governo.
Furiosa com as sanções, a Síria suspendeu sua participação na União Mediterrânea, uma iniciativa francesa inaugurada em 2008 para incentivar a cooperação entre a Europa, o Oriente Médio e o norte da África.
Autoridades financeiras no Líbano, que já estiveram firmemente sob o controle da poderosa vizinha, disseram que bancos libaneses adotaram um monitoramento estrito das transações de clientes sírios alinhados com as sanções internacionais.
Enquanto isso, o Conselho Nacional da Síria (CNS), um grupo de oposição civil, disse que concordou em agir em sincronia com o rebelde Exército Livre da Síria (ELS) na luta comum contra Assad. "Concordamos que será um movimento coordenado", disse à AFP, Khaled Khoja, do CNS, em uma mudança de conduta contrária à antiga relutância em apoiar a facção armada.
Ele disse que um encontro na província, ao sul da Turquia, de Hatay, dia 28 de novembro teve a presença do chefe do CNS, Burhan Ghaliun e do chefe ELS, Riyadh al-Assad, cujas forças incluem desertores sírios. "O conselho reconheceu o Exército Livre da Síria como uma realidade, enquanto o exército reconheceu o conselho como um representante político" da oposição, disse Khoja.
O encontro marcou um novo passo nos esforços para unir a oposição a Assad, que está sob pressão crescente para renunciar. "Concordamos que a tarefa do Exército Livre da Síria é proteger as pessoas, não atacá-las", disse Khoja, um membro do comitê das relações exteriores do CNS.
Os trabalhos do ELS, disse ele, incluem "proteger minorias e evitar possíveis conflitos entre as facções ao enviar tropas para as áreas de conflito".