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EUA saem em defesa dos opositores na batalha por apoio no conflito da Síria

Governo e oposição disputam apoio externo. Líder xiita libanês reaparece para ajudar Bashar Al-Assad

Renata Tranches
postado em 07/12/2011 08:00
Multidão de xiitas reunida em Beirute, no Líbano, manifesta apoio ao regime de Damasco: radicalização política na Síria ameaça cruzar a fronteira
Na batalha pelo apoio internacional entre os dois lados do conflito na Síria, os Estados Unidos saíram em defesa dos opositores e o líder do partido xiita libanês Hezbollah, o xeque Hassan Nasrallah, fez uma rara aparição pública para demonstrar apoio ao presidente Bashar Al-Assad. A disputa continuou na TV norte-americana, que ontem exibiu uma entrevista com o líder opositor e hoje vai transmitir a primeira entrevista do presidente sírio desde o início dos protestos, em março. Apesar das críticas a Assad, Washington decidiu mandar de volta a Damasco seu embaixador, Robert Ford, que deixou a Síria há seis semanas, alegando ameaças à sua segurança.

Em Genebra, na Suíça, a secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, voltou a defender a renúncia de Assad, como fez em outras ocasiões. Ela ponderou, entretanto, que as minorias, os grupos étnicos e as mulheres devem ser protegidos depois que o presidente deixar o poder . ;Uma transição democrática compreende algo mais que a saída do regime;, afirmou Hillary após reunir-se com representantes da oposição síria.

Apesar do discurso duro, os EUA confirmaram que Ford retornaria ainda ontem à noite para a Síria. O embaixador foi chamado para consultas e retirado às pressas do posto, há seis semanas, depois de se envolver em manifestações de protesto contra o presidente sírio, o que teria despertado a ira das autoridades locais. Também chamado para consultas, o embaixador da França, Eric Chevallier, retornou a Damasco ontem. O governo francês alertou, porém, que seu regresso não significava que Paris não tenha mais preocupação com a situação. ;A França está mais do que nunca junto do povo sírio;, declarou o porta-voz adjunto do Ministério das Relações Exteriores, Romain Nadal, à agência de notícias France-Presse.

A rede de tevê americana ABC News anunciou que exibirá hoje uma entrevista exclusiva com o presidente Assad, a primeira para uma emissora dos EUA desde o início do levante contra seu regime, em março. Segundo um comunicado no site da ABC, Assad foi entrevistado pela veterana jornalista Barbara Walters, que viajou a Damasco para falar com ele. O informe diz ainda que o líder foi questionado sobre o relatório divulgado pelas Nações Unidas em 25 de novembro, que aponta violações dos direitos humanos e torturas que teriam sido cometidos nas prisões sírias. Esse documento é resultado de uma investigação presidida pelo brasileiro Paulo Sérgio Pinheiro.

A rede CNN exibiu ontem uma entrevista com o presidente do Conselho Nacional Sírio (CNS), Burhan Ghalioun, que alertou o Irã e o Hezbollah por estarem ;arriscando o futuro de suas relações com a Síria dando apoio ao líder Assad;. O Irã e seu aliado Hezbollah, que atua como partido político mas mantém uma milícia no sul do país, são os principais apoiadores, inclusive financeiros, do governo sírio.

O xeque Nasrallah: de volta ao palanque após cinco anos escondido
Hezbollah
;Apoiamos reformas na Síria e ficamos ao lado do regime;, discursou o xeque Nasrallah diante de uma multidão, nos subúrbios ao sul de Beirute. O líder do Hezbollah insinuou que a oposição síria ;não quer mudanças e estabilidade; no país, e alertou contra ;pessoas que querem destruir a Síria para compensar a derrota no Iraque; ; uma referência aos Estados Unidos.

Escondido desde uma guerra de 34 dias contra Israel, em 2006, Nasrallah reapareceu em público no dia da Ashura, o evento mais importante do calendário religioso xiita. Ele exaltou também o fortalecimento de seu partido, que hoje tem posição dominante no governo libanês, e de seu braço militar: ;A cada dia , crescemos em número, nosso treinamento está melhorando, nos tornamos mais confiantes e nossos armamentos estão aumentando;.

Turbulência no Kuweit
No Kuweit, a monarquia do Golfo Pérsico onde a vida política mais se aproxima da democracia clássica, o emir, xeque Sabah Al-Ahmed Al-Sabah, dissolveu ontem o parlamento em meio a uma crise deflagrada por denúncias de corrupção. Na semana passada, o gabinete havia apresentado sua demissão, pouco antes de o premiê, xeque Nasser Al-Mohammed Al-Sabah, ser interrogado sobre acusações envolvendo o pagamento de propinas a deputados governistas. O escândalo começou no mês passado, quando manifestantes enfurecidos invadiram o parlamento em protesto contra manobras para evitar que o então chefe de governo tivesse que depor. Nasser prometeu ;restabelecer a ordem;, 45 pessoas foram presas, mas ele acabou renunciando e o emir nomeou o ministro demissionário da Defesa, xeque Jaber Al-Mubarak Al-Sabah, para compor um novo gabinete. Com a dissolução do parlamento, a Constituição prevê eleições no prazo de 60 dias.

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