Agência France-Presse
postado em 08/12/2011 10:51
[SAIBAMAIS]Moscou - O primeiro-ministro russo Vladimir Putin declarou nesta quinta-feira (8) que a oposição tem o direito de expressar suas opiniões, inclusive com manifestações, mas acusou o governo dos Estados Unidos de estimular os protestos que questionam os resultados das eleições legislativas e advertiu que não tolerará excessos, nem um cenário de caos.
"Se as pessoas atuam dentro do respeito à lei, devemos conceder o direito de que expressem sua opinião", disse Putin.
"Se alguém viola a lei, então as forças de segurança e o governo devem exigir o respeito da lei com todos os meios legítimos", completou, antes de acusar os Estados Unidos de estimular os protestos eleitorais.
Segundo Putin, a secretária de Estado americana, Hillary Clinton, "deu o tom a certos ativistas no interior do país, deu um sinal".
"Eles receberam o sinal e, com o apoio do Departamento de Estado, começaram a trabalhar ativamente".
O premier disse ainda que na Rússia "ninguém quer o caos", que segundo ele surgiu como resultado dos protestos após as eleições legislativas de domingo, nas quais seu partido Rússia Unida foi o vencedor, mas com uma considerável perda de apoio na comparação com a votação de 2007.
"Todos entendemos que uma parte dos organizadores (dos protestos) atuam de acordo com um roteiro conhecido", disse Putin.
"Mas também sabemos que em nosso país as pessoas não querem que a situação evolua como aconteceu no Quirguistão ou como há pouco tempo na Ucrânia. Ninguém quer o caos".
"Nós nos vemos obrigados a defender nossa soberania se somos sacudidos para que não esqueçamos quem é o dono do planeta", disse.
"Quando se paga dinheiro a partir do exterior para as atividades políticas de nosso país, isto deve nos fazer pensar", declarou.
"A injeção de fundos estrangeiros nos processos eleitorais é particularmente inaceitável", afirmou Putin, que no fim de novembro havia comparado a Judas as ONGs financiadas pelos ocidentais para evitar fraudes eleitorais.
Desde domingo, milhares de russos saíram às ruas para questionar os resultados das legislativas, vencidas pelo Rússia Unida, de maneira fraudulenta segundo a oposição.
Centenas de pessoas foram detidas durante manifestações em Moscou e São Petersburgo. Vários dirigentes da oposição foram condenados a penas de até 15 dias de prisão.
A oposição convocou, nas redes sociais, uma grande manifestação para sábado na Praça da Revolução, perto do Kremlin, apesar das advertências das autoridades, que autorizaram um evento com apenas 300 pessoas.
Mais de 20.000 internautas responderam ao convite.
O resultado das eleições e a repressão das manifestações receberam críticas dos Estados Unidos e dos países da União Europeia.
A missão de observadores da Organização para a Segurança e a Cooperação na Europa (OSCE) denunciou várias irregularidade, incluindo o uso de cédulas não emitidas para preencher urnas.
[SAIBAMAIS]A ONG russa "Observador Cidadão" afirma em seu site (nabludatel.org) que o resultado real do partido governista é de menos de 30% dos votos, o que significa 20 pontos a menos que os resultados preliminares anunciados pela Comissão Eleitoral.
Ainda de acordo com a ONG, o índice de participação foi levemente superior a 50%, contra mais de 60% oficialmente.
Os resultados definitivos devem ser anunciados na sexta-feira.