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Série de ataques contra ativistas de direitos humanos abala o México

Agência France-Presse
postado em 08/12/2011 19:51
MÉXICO - Uma onda de ataques contra ativistas de direitos humanos nos últimos dias em diferentes regiões do México, incluindo dois assassinatos, dois sequestros e uma mulher ferida, acendeu o alerta vermelho de organizações civis, que exigem do governo mecanismos de proteção.

Trinidad de la Cruz Crisóstomo, um líder indígena do estado de Michoacán (oeste), foi sequestrado na terça-feira passada quando viajava com vários companheiros por homens fortemente armados e encontrado morto um dia depois com sinais de tortura em uma estrada rural do povoado de Santa María Ostula.

O ativista havia defendido durante os últimos anos os direitos dos camponeses sobre a terra, especialmente frente a grupos armados que buscavam controlar o povo de Santa María Ostula, localizado na rota de tráfico de drogas para Lázaro Cárdenas, na costa do Pacífico e um dos portos comerciais mais importantes do México.

O Movimento pela Paz com Justiça e Dignidade, liderado pelo poeta Javier Sicilia, denunciou também o sequestro na terça-feira à noite de duas ambientalistas em uma comunidade de Guerrero.

As duas mulheres são moradoras de dois povoados próximos a Lázaro Cárdenas, onde foi apreendida a maior parte dos carregamentos ilegais de droga que chegam ao México por via marítima.

"O assunto não é mais com o Movimento pela Paz com Justiça e Dignidade, é um assunto com todos os defensores de direitos humanos e todos aqueles que estão buscando justiça e dignidade para este país, e isso causa indignação", disse Sicilia à emissora Milenio.

Em 28 de novembro passado, também foi assassinado a balas no estado de Sonora (norte) Nepomuceno Moreno Muñoz, que buscava seu filho desaparecido e que tinha se unido ao Movimento pela Paz com Justiça e Dignidade.

Enquanto que Norma Andrade, fundadora de uma organização que busca mulheres desaparecidas em Ciudad Juárez, fronteira com os Estados Unidos, ficou gravemente ferida em 2 de dezembro passado após ser baleada em uma suposta tentativa de assalto.

O movimento de Sicilia exigiu que o governo colocasse em operação os mecanismos de proteção para defensores dos direitos humanos que foram solicitados ao presidente Felipe Calderón durante uma reunião em junho passado com as vítimas da violência do crime organizado, que nos últimos cinco anos deixou no México mais de 45.000 mortos.

A estatal Comissão Nacional de Direitos Humanos limitou-se a emitir um comunicado em 3 de dezembro para afirmar que de 2005 à data foram solicitadas 42 medidas cautelares em favor de ativistas.

No entanto, o Movimento pela Paz com Justiça e Dignidade previu que "haverá uma época de terror e de ataques a direitos humanos", disse à AFP Clara Jusidman, integrante da organização.

"São crimes escandalosos", afirmou por sua vez Alberto Herrera, representante da Anistia Internacional no México.

As autoridades apenas ordenaram medidas cautelares em alguns casos, mas a secretaria de Governo (Interior) não conseguiram definir os mecanismos para garantir a proteção dos defensores dos direitos humanos, completou Herrera.

O movimento liderado por Sicilia, cujo filho foi assassinado com mais sete pessoas em março passado, cancelou "por motivos de segurannça" alguns encontros programados para esta semana, mas adiantou uma manifestação no próximo domingo em Reforma, a principal avenida da capital.

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