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Soldados iraquianos não estavam preparados para evitar os atentados

Agência France-Presse
postado em 12/12/2011 19:39
BAGDÁ - As forças de segurança iraquianas não puderam se preparar, como deveriam, para defender o país no plano externo, por terem sido obrigadas a lidar, nos últimos anos, com um sem-fim de atos violentos em nível interno, segundo oficiais americanos e locais.

Apesar de terem treinado para manter a segurança interna, elas também não estão em condições de evitar atentados com bomba ou os tiroteios que se repetem quase que diariamente no país. No entanto, terão que se encarregar, sozinhas, da segurança interna e externa, quando as tropas americanas se retirarem, no final de dezembro.

"As forças iraquianas adquiriram, nos últimos oito anos, aptidão para enfrentar as ameaças externas", estimou à AFP o general americano Robert Caslen, comandante do Escritório de Segurança e Cooperação no Iraque. Mas, até agora, isso vem sendo minado pela necessidade de enfrentarem, nos últimos oito anos, as ações contrárias internas, segundo ele.

Caslen comanda 157 militares americanos e 763 civis encarregados de treinar as forças iraquianas, sob a autoridade da embaixada dos Estados Unidos em Bagdá. "Grande parte de meu trabalho está ligado a ameaças externas, para formar forças realmente aptas", declarou Caslen.

Segundo dados do governo, a Força Aérea e a Marinha iraquianas, juntas, têm menos de 10.000 pessoas, apesar de o país contar com 650.000 policiais e 280.000 militares, num total de 930.000 efetivos.

De acordo com relatório da Inspetoria Geral Especial para o Iraque, um organismo de controle americano, o comandante do Estado-Maior iraquiano, Babaker Zebari, estimou que serão necessários vários anos antes de as forças iraquianas estarem, realmente, em condições de atender plenamente à defesa externa.

Em relatório divulgado em outubro passado, por esse organismo de controle, "Zebari considerou que (o ministério da Defesa) não será capaz de encarregar-se de todas as missões de defesa externa até uma data entre 2020 e 2024". "O Iraque não será capaz de defender seu espaço aéreo até 2020, no melhor dos casos", disse.

Bagdá e Washington falaram na possibilidade de dar prosseguimento à instrução militar americana depois do final de 2011, mantendo uns poucos instrutores em território iraquiano. No entanto, as conversações não foram à frente, já que os Estados Unidos preferem que suas tropas não tenham que responder ante a justiça iraquiana e Bagdá afirma não poder conceder a elas uma imunidade judicial desse tipo.

Por isso, estudam outras opções, como treinar as forças iraquianas na região, mas fora do país, durante exercícios militares conjuntos, ou limitar a formação a oficiais superiores e realizá-la em países da Otan.

A retirada das tropas americanas do Iraque está prevista para antes do final do ano, em cumprimento a um acordo assinado em 2008. No entanto, os Estados Unidos têm a intenção de manter 16.000 pessoas no país, ligadas à sua embaixada.

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