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Família recebe cinzas de hispano-venezuelano morto pela ditadura brasileira

postado em 12/12/2011 21:06
São Paulo ; O restos mortais do hispano-venezuelano Miguel Sabat Nuet, morto sob tortura em 1973 pelo sistema de repressão da ditadura militar, foram entregues hoje (12) à sua família. Os três filhos vieram da Venezuela para participar da solenidade em que receberam a urna com as cinzas de Nuet. A ossada encontrada em escavações no cemitério de Perus, zona norte paulistana, foi cremada, a pedido dos filhos, na semana passada.

A ministra da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, Maria do Rosário, falou em nome do Estado brasileiro. ;A devolução dos seus restos mortais à família significa resgatar diante da família o seu lugar de pai;, ressaltou a ministra em entrevista após o ato.

Segundo Maria do Rosário, esclarecer a verdade sobre os desaparecimentos ocorridos no período ditatorial é uma obrigação do Estado com as famílias. ;É o que o Estado brasileiro quer fazer com cada uma das pessoas que foram torturadas e desaparecidas;.

Para a procuradora Eugênia Augusta Gonzaga, que participou das buscas, o caso é o que mais ;expõe; a ditadura, porque mostra que o regime também matava pessoas inocentes. Não existem registros nos arquivos da repressão ou qualquer relato da participação de Nuet na oposição à ditadura.

Para Miguel Sabat Dias, filho de Nuet, talvez a ligação do pai dele com a Teologia da Libertação, corrente de pensamento da Igreja Católica, tenha influenciado na prisão de Nuet. Ele destacou, no entanto, que o mais importante é saber a verdade sobre a morte do pai. ;O que nos importa é que possamos esclarecer a memória de nosso pai, porque desconhecíamos os fatos;, ressaltou.

Os agentes do governo brasileiro à época informaram a família que Nuet havia se suicidado na prisão. Versão em que sua filha Maria del Carmen, nunca acreditou. ;Eu sabia que ele, por seus princípios religiosos, não tinha se suicidado;. Os filhos pretendem dispersar as cinzas de Nuet nas montanhas próximas a Barcelona, na Espanha, lugar que Nuet frequentava quando criança.

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