Agência France-Presse
postado em 13/12/2011 18:53
TRÍPOLI - A Líbia expressou reserva, nesta terça-feira, sobre alguns pontos do tratado de amizade com Roma assinado, em 2008, pelos ex-dirigentes dos dois países, Muamar Kadhafi e Silvio Berlusconi, segundo o vice-ministro das Relações Exteriores, Mohamed Abdelaziz. "Há inúmeros pontos incluídos na convenção que precisam ser discutidos novamente entre os dois países", declarou Abdelaziz, citado pela agência oficial Wal.O presidente do Conselho Nacional de Transição (CNT), Mustapha Abdeljalil, deve viajar na quinta-feira a Roma para debater o tratado com as autoridades italianas, acrescentou. "A visão da nova Líbia, sobre a cooperação com a Itália, difere do ponto de vista do regime anterior", explicou ele, destacando "a necessidade de olhar a parceria de uma forma totalmente diferente".
Abdelaziz, que saía de uma reunião com Domenico Giorgi, chefe do Departamento de Países Mediterrâneos e do Oriente Médio, no ministério italiano das Relações Exteriores, acrescentou que as duas partes mantinham-se, no entanto, de acordo sobre alguns pontos do tratado, sem especificar quais.
A Itália chegou a suspender o acordo no final de fevereiro, alguns dias após o início da insurreição na Líbia, que provocou a queda do regime de Muamar Kadhafi.
O tratado de amizade entre a Líbia e a Itália, assinado no dia 30 de agosto de 2008, em Benghazi, (Líbia) por Kadhafi e Berlusconi, prevê investimentos italianos na Líbia de 5 bilhões de dólares, para compensar o período colonial. Como parte disso, está incluída a construção, por cerca de 3 bilhões de dólares, de uma autoestrada litorânea, de 1.700 km.
Em contrapartida, o regime de Trípoli comprometeu-se a limitar a imigração clandestina em direção ao sul da Itália. O tratado que permite também a repressão na Líbia levou a uma redução de 94% dessa movimentação ilegal.
Antes do início da revolução líbia, os ex-dirigentes dos dois países mantinham relações privilegiadas e festejavam, nos dias 30 de agosto, o aniversário do tratado. A Itália, ex-potência colonial na Líbia, é o primeiro parceiro comercial do país.