Agência France-Presse
postado em 16/12/2011 15:04
Damasco - A Rússia assumiu a linha de frente no caso sírio ao convidar o vice-presidente da Síria, Faruk al-Shareh, para ir a Moscou e apresentar um projeto de resolução na ONU sobre a violência, os protestos populares e a repressão sangrenta que não cessam.Cerca de 200 mil sírios manifestaram nesta sexta-feira em Homs e milhares de outros por toda a Síria para exigir a queda do regime de Bashar al-Assad, que está determinado a acabar com a revolta popular que chegou ao seu décimo mês.
Em Túnis, 200 membros do Conselho Nacional Sírio (CNS), que representa a maioria das correntes de oposição síria, devem participar de uma reunião de três dias para reforçar e organizar sua ação para acelerar a queda do regime, julgada inevitável pelo líder Burhan Ghaliun.
Uma fonte no Kremlin citada pela agência de notícias Itar-Tass, anunciou que Shareh foi recebido muito cedo em Moscou para uma "reunião séria" com líderes da Rússia, um país aliado do regime sírio que até este momento recusou qualquer ação, inclusive as sanções da ONU, contra a Síria.
"Aqueles que dizem que vamos cantar louvores a ele ou acariciar sua cabeça estão errados", assegurou a fonte, acrescentando que a Rússia "não é a defensora dos sírios".
Na quinta-feira (15), Moscou surpreendeu ao apresentar um projeto de resolução no Conselho de Segurança condenando a violência na Síria "por todas as partes", uma alusão às forças do regime e as da oposição, principalmente desertores que têm intensificado ataques contra o exército.
O texto russo enfatiza um ponto rejeitado por europeus e americanos porque faz referência à violência "por parte de todos os lados, incluindo o uso desproporcionado da força pelas autoridades sírias".
Washington indicou sua vontade de trabalhar com base no projeto russo, mesmo contendo "elementos que não podem ser apoiados", como a "paridade entre a força da polícia e da oposição".
Enquanto o levante popular entra em seu 10; mês, manifestações em massa ocorrem no país. Os ativistas pró-democracia denunciam, desta vez, a posição da Liga Árabe, acusada de fazer muitas concessões ao poder de Damasco.
Uma reunião entre ministros árabes das Relações Exteriores, agendada para acontecer no sábado, foi adiada por tempo indeterminado, enquanto uma reunião do comitê ministerial árabe encarregado do caso sírio acontecerá no sábado em Doha.
Com o slogan "a Liga Árabe nos mata", os sírios organizaram passeatas em Homs, Idleb, Deir Ezzor, Hama, Banias e Lattaquié, apesar da presença de tropas militares nas mesquitas, ponto de encontro dos manifestantes, informou o Observatório dos Direitos Humanos (OSDH) e os Comitês Locais de Coordenação (LCC).
Como sempre, as forças do regime atiraram para dispersar os manifestantes. Seis civis morreram em Homs e um outro em Deraa.
Segundo estimativa da ONU, a repressão já matou mais 5.000 pessoas desde março.
Para o líder do CNS, "Assad acabou, a Síria será democrática e seu povo livre não importa o preço". "É preciso unificar a oposição para nos fortalecermos", disse Ghaliun.
Por sua vez, o presidente tunisiano Moncef Marzuki se pronunciou contra uma intervenção estrangeira na Síria.