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Oposição síria faz apelo ao Conselho de Segurança após morte de 123 civis

Agência France-Presse
postado em 21/12/2011 14:30
Damasco - O Conselho Nacional Sírio (CNS), que reúne a maioria das correntes de oposição, pediu nesta quarta-feira a realização de reuniões urgentes com o Conselho de Segurança da ONU e com a Liga Árabe, após os massacres cometidos pelas forças do regime no norte do país.

De acordo com os militantes, 123 civis foram mortos na terça-feira (20) em um dos ataques mais mortais desde o início da revolta contra o regime em meados de março. A repressão já fez, segundo uma estimativa da ONU, mais de 5.000 mortos em nove meses.

"À luz dos terríveis massacres" perpetrados pelo regime do presidente Bashar al-Assad contra "civis desarmados, especialmente nas montanhas de Zauia, em Idleb (norte) e Homs (centro)", o CSN pede uma reunião de emergência com a Liga Árabe e o Conselho de Segurança, informou um comunicado.

O CNS pediu ao Conselho de Segurança que as cidades atacadas sejam declaradas "zonas de segurança", para que beneficiem de uma proteção internacional e para forçar a retirada das forças do regime.

A oposição fala de um "genocídio em grande escala" nas montanhas de Zauia, em Idleb e Homs e faz um apelo às agências de ajuda Humanitária para intervirem urgentemente.

Damasco logo acusou a oposição de querer sabotar a missão de observadores da Liga Árabe, que deve começar na quinta-feira (22).

"Desde que a Síria assinou o protocolo, ela está plenamente empenhada em facilitar a missão da Liga Árabe para vir e ver a realidade da crise", disse à AFP Jihad Makdissi, porta-voz do Ministério sírio das Relações Exteriores.

"Infelizmente, a oposição síria tenta, sem parar, sabotar o protocolo e procura uma intervenção estrangeira ao invés de aceitar o diálogo", acrescentou.

A França denunciou o "assassinato em massa sem precedentes" na terça-feira e pediu que a Rússia "acelere" as negociações com o Conselho de Segurança sobre seu projeto de resolução.

Este projeto prevê a condenação da violência "cometida por todos as partes", mas Paris julgou inaceitável o texto da maneira como está, já que não diferencia as forças repressivas do regime e os manifestantes.

O CNS relatou que 250 pessoas morreram nas últimas 48 horas, sem especificar se eram apenas civis.

O Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH) falou nesta quarta-feira de um "massacre" cometido no dia anterior em Kafrueid, onde 123 civis foram mortos pelas forças de segurança, quando tentavam fugir da aldeia situada em Jabal al-Zauia, 330 km ao norte de Damasco.

Este novo balanço aumenta para 123 o número de civis mortos somente na terça-feira na Síria, outros 12 morreram sob as balas das forças de segurança em Homs (centro), centro dos protestos, de acordo com OSDH.

Violentos combates entre o exército e desertores causaram a morte de mais uma centena de pessoas na província de Idleb, informou o OSDH ontem.

Ao mesmo tempo, um jornalista que trabalhava em Damasco para o As Safir, um jornal libanês pró-Síria, foi preso na terça-feira na capital durante uma manifestação hostil ao regime, disse nesta quarta-feira à AFP um funcionário do jornal.

No plano diplomático, o n; 2 da Liga Árabe, Ahmed Ben Helli, anunciou que uma equipe liderada por Samir Seif al-Yazal, secretário-geral adjunto, irá visitar Damasco na quinta-feira.

Enquanto isso, o ministro sírio das Relações Exteriores, Walid Muallem, explicou na segunda-feira que os observadores poderão ter "acesso aos pontos quentes, mas não as questões militares sensíveis". A organização Human Rights Watch pediu à Damasco a garantia de um "acesso pleno".

Em Riad, o Conselho de Cooperação do Golfo (GCC), que inclui as seis monarquias da Península Arábica, pediu ao governo sírio para parar imediatamente com a "máquina de matar" e para libertar os prisioneiros, "como primeiro passo para começar a implementação do protocolo" sobre o envio de observadores.

Estes observadores devem de fato serem enviados para monitorar a implementação de um plano para acabar com a crise, que prevê fim da repressão, a libertação dos detidos durante as manifestações e a retirada do exército das cidades.

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