Agência France-Presse
postado em 23/12/2011 13:07
Kinshasa - A polícia reprimiu nesta sexta-feira (23) quaisquer tentativas de reunião dos partidários de Etienne Tshisekedi em um estádio de Kinshasa, onde o opositor, que se auto-proclamou "presidente eleito" da República Democrática do Congo, queria "fazer seu juramento" após rejeitar a reeleição do chefe de Estado Joseph Kabila.Pela manhã, as autoridades declararam proibida a manifestação prevista para acontecer no Estádio dos Mártires às 10h (7h de Brasília).
"Não haverá manifestação, ela está interditada. Já temos um presidente eleito que fez o juramento. Não se pode fazer mais um juramento, isso é um ato de subversão. Precisamos impedir este ato contrário à Constituição", declarou uma fonte próxima do chefe da polícia.
As forças de ordem rapidamente bloquearam o bairro Limete, onde fica a casa de Tshisekedi, a sede de seu partido, a União pela Democracia e o Progresso Social (UDPS).
Os jornalistas foram impedidos de se aproximar da residência do opositor e os agrupamentos de partidários foram dispersos pela polícia, que utilizou gás lacrimogêneo e realizou prisões.
Perto do estádio, quatro veículos da Guarda Republicana, além de várias patrulhas e carros blindados com policiais, faziam guarda e dispersavam com gás todos que tentavam se aproximar.
Os manifestantes chegavam individualmente a pé e gritavam "Tshisekedi presidente", antes de serem expulsos. Dezenas de pessoas foram detidas.
"O Congo não votou por Kabila. Eles nos tratam como se fôssemos estrangeiros. O presidente legítimo é Etienne Tshisekedi, e é nele que votamos. Nós escutamos a voz de nosso presidente e queremos entrar no estádio. Não podemos ter dois presidentes no Congo", explicou um homem.
"Nós estudamos, mas não existe futuro para os jovens. Escolhemos Tshisekedi livremente, sem pressão. Ele tinha um programa social e é por isso que votamos nele", acrescentou outro partidário.
O convite para a "cerimônia de juramento do presidente eleito" Tshisekedi, intitulado "Presidente da República, protocolo de Estado", detalhava o cronograma da manhã, incluindo a chegada programada de "oficiais militares e da polícia nacional", "juízes", "embaixadores" e "presidentes e delegações dos países amigos".
O adversário de 79 anos declarou-se "presidente eleito", depois de rejeitar os resultados da eleição presidencial do dia 28 de novembro. Na ocasião, várias irregularidades foram denunciadas por missões de observação de outros países.
O atual presidente Joseph Kabila foi oficialmente reeleito com 48,95% dos votos contra 32,33% de seu opositor.
O chefe de Estado foi empossado na terça-feira quando fez juramento em Kinshasa.