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Os líderes vistos em torno de Kim Jong-un terão papel essencial

Agência France-Presse
postado em 28/12/2011 11:14
Seul - As autoridades civis e militares vistas em torno do novo dirigente norte-coreano Kim Jong-un nesta quarta-feira, durante o funeral de seu pai, devem ter um papel essencial no acompanhamento dos primeiros passos do jovem herdeiro.

Cabeça e mãos nuas, apesar do frio e da neve que caiu em Pyongyang, o filho e sucessor de Kim Jong-Il a acompanhou do início ao fim o cortejo que transportou o corpo de seu pai.

Em volta dele, importantes líderes do Partido dos Trabalhadores da Coreia, partido único, e das Forças Armadas.

Entre eles, seu tio por casamento Jang Song-Thaek, os responsáveis do partido Kim Ki-Nam e Choe Thae-Bok, o chefe do Estado-Maior Ri Yong-Ho, o ministro das Forças Armadas Kim Yong-Chun, e Kim Jong-Gak, encarregado da logística militar.

"O funeral deu algumas indicações sobre as pessoas que cercam Kim Jong-un para protegê-lo", disse à AFP Kim Yong-Hyun da Universidade Dongguk, em Seul.

Segundo ele, a presença de Kim Ki-Nam e Choe Thae-Bok, simbólica, tem o objetivo de destacar o papel do partido.

"Os outros quatro, incluindo Jang Song-Thaek, devem desempenhar um papel importante no poder. Servirão como protetores e simpatizantes", acredita.

Com menos de 30 anos de idade, o filho mais novo de Kim Jong-Il possui pouca experiência e vai herdar uma economia despedaçada que luta para alimentar seu povo.

Dotada de armas nucleares, a Coreia do Norte representa uma peça importante na diplomacia regional da China e dos Estados Unidos.

Jang Song-Thaek, casado com a irmã de Kim Jong-il, é vice-presidente da Comissão Nacional de Defesa, considerada a estrutura mais poderosa do país.

Yang Moo-Jin, da Universidade de estudos norte-coreanos de Seul, considera que estes personagens tiveram "um papel fundamental junto a Kim Jong-Il e devem ser os pilares do regime de Kim Jong-un".

A presença do herdeiro ao lado do carro funerário contrasta com a ausência de Kim Jong-Il na procissão funerária de seu pai, Kim Il-Sung, o fundador da dinastia da Coreia do Norte comunista.

De acordo com Baek Seung-Joo, do Instituto de Análises da Defesa da Coreia, a participação de Kim Jong-un no cortejo atende a sua necessidade de legitimar seu status de líder supremo, como proclamado pela imprensa oficial.

"Ele sabe que não goza do respeito da população. Ele terá que imitar as políticas de seu pai que nunca desistiu das armas nucleares, apesar da pressão internacional", explica Baek. "Jong-un terá de enfrentar muitos desafios se quiser sair deste caminho".

As proclamações entusiastas da mídia em homenagem a Kim Jong-un sugerem que o herdeiro já controla o país, embora tenha que contar com a comitiva de seu tio para orientar seus primeiros passos.

"Nos primeiros anos, a política será decidida pelos conselheiros de seu pai, já que Jong-un é jovem e inexperiente", disse Andrei Lankov, professor da Universidade Kookmin, em Seul.

"Ele deverá ser uma personalidade simbólica no início. Mas, não sei se ele vai aceitar se ater a essa posição de honra ou vai se tornar um ditador de verdade", acrescentou.

A personalidade do novo líder continua um mistério, igual a sua carreira, com exceção de seus anos de estudo na Suíça. Ele foi empurrado para a frente do palco após o acidente vascular cerebral sofrido por Kim Jong-Il que incitou-o a acelerar o processo de sucessão.

Apesar de sua inexperiência, Kim Jong-un foi promovido general de quatro estrelas em setembro de 2010.

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