Agência France-Presse
postado em 28/12/2011 12:46
Lagos - Sete pessoas ficaram feridas em um ataque contra uma escola corânica na Nigéria após a onda de atentados contra igrejas no dia de Natal, que deixaram ao menos 40 mortos e 90 mil desabrigados, provocando o medo de um ressurgimento da violência sectária.Jovens estudantes de árabe e do Corão ficaram feridos na terça-feira à noite na explosão de um artefato explosivo quando se encontravam em sala de aula, um espaço com capacidade para cinquenta pessoas, indicou a polícia.
"Um explosivo de baixa potência, fabricado localmente, foi lançado contra uma escola corânica de Sapele às 22H00 (19H00 de Brasília)", explicou à AFP o porta-voz policial no Estado do Delta (sul), onde a região se encontra.
Seis crianças de cinco a oito anos e um adulto que sofreram ferimentos já se encontram "no hospital recebendo tratamento", disse a fonte, que informou que "não foi registrada nenhuma morte e nenhuma prisão foi realizada".
O explosivo foi lançado a partir de um carro que estava em movimento e que não pôde ser identificado, segundo o porta-voz.
"Fechamos o perímetro. Examinamos (o local) e encontramos pedaços do explosivo (...) que ajudarão na investigação", acrescentou o porta-voz.
Este ataque ocorre após a onda de atentados mortais no domingo, dia de Natal, em várias cidades da Nigéria, principalmente contra igrejas ao fim da missa de Natal, na qual ao menos 40 pessoas perderam a vida.
A seita Boko Haram, um movimento que prega a criação de um Estado islâmico na Nigéria e que assumiu a autoria do atentado contra a sede da ONU em Abuya - que deixou 24 mortos -, reivindicou a autoria dos ataques.
O grupo costuma atacar símbolos da autoridade do Estado, como a polícia ou o exército, atacando delegacias de polícia e patrulhas.
As autoridades nigerianas atribuem ao grupo o assassinato de personalidades políticas ou dignitários muçulmanos opostos ao seu ponto de vista.
O país teme que o ataque a igrejas no dia de Natal desencadeie confrontos entre cristãos e muçulmanos.
A Nigéria, o país mais povoado da África, com 160 milhões de habitantes, conta praticamente com o mesmo número de cristãos, majoritários no sul, e muçulmanos, mais numerosos no norte.
O país costuma ser atingido por choques étnicos e religiosos em Khos, no centro do país.
Na terça-feira, o presidente Goodluck Jonathan se reuniu com a maior autoridade muçulmana da Nigéria, que tentou acalmar a população.
"Quero assegurar a todos os nigerianos que não há nenhum conflito entre os muçulmanos e os cristãos, entre o islã e o cristianismo", manifestou perante os jornalistas o sultão de Sokoto (norte), Mohamad Sa;ad Abubakar.
O conselheiro nacional de Segurança, Owoye Azazi, pediu aos cristãos que não se vinguem pela série de atentados do fim de semana. O mais mortífero deixou ao menos 35 mortos em uma igreja católica de Madalla, perto da capital.