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Chile perde seu segundo ministro da educação em cinco meses

Agência France-Presse
postado em 30/12/2011 09:55
O ministro da Educação do Chile, Felipe Bulnes, demitiu-se do cargo nesta quinta-feira, depois de um ano marcado por protestos estudantis por melhorias na educação pública. Foi a segunda renúncia de um ministro da pasta em cinco meses.

Também saiu do governo o ministro da Agricultura, José Antonio Galilea, informou o porta-voz oficial, Andrés Chadwic.Bulnes, que antes foi ministro da Justiça, assumiu no dia 18 de julho passado, em substituição a Joaquín Lavín, ex-prefeito de Santiago, questionado pelos estudantes por seus vínculos com uma universidade privada.

Durante a cerimônia de juramento dos novos ministros, o presidente chileno, Sebastián Piñera, disse que "não foi fácil aceitar sua renúncia".Segundo o presidente, um mês atrás ambos os ministros lhe expressaram em separado sua intenção de renunciar ao cargo por "motivos pessoais" e Piñera concordou, com a intenção de esperassem até o final do ano. "Para mim, foi uma má notícia", disse.

O ministério da Educação será ocupado, agora, por Haral Beyer, engenheiro comercial e especialista em questões de educação do Centro de Estudos Públicos (CEP). Já o ministério da Agricultura irá para Luis Mayol, até agora presidente da Sociedade Nacional de Agricultura (SNA) e proprietário de várias empresas agrárias.O ministro Bulnes reuniu-se apenas duas vezes com os líderes estudantis, que cortaram o diálogo, ao considerarem que o governo não tinha intenção de avançar nas reformas propostas.

Os estudantes, que iniciaram seus protestos em abril, querem acabar com um sistema herdado da ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990), que reduziu pelo menos para a metade o aporte público à educação. Segundo analistas, Bulnes teria renunciado devido ao pouco espaço que possuía para negociar com os estudantes, que já anunciaram que continuarão com seus protestos no próximo ano. O substituto de Bulnes no cargo, um acadêmico de longa trajetória, foi inicialmente bem recebido pelos dirigentes estudantis, mas estes já disseram que será preciso mais que uma mudança de ministro para resolver a situação da educação no país.

"Trata-se de uma pessoa que tem se preocupado com a educação de fato, que tem estudado o tema e que possui uma posição", disse Gabriel Boric, novo presidente da Federação de Estudantes da Universidade do Chile (Fech), a mais conceituada do país. "Esperamos que o professor Beyer chegue ao Ministério com a missão de mudar a lógica governamental com relação à educação", completou.

Para o presidente da Federação de Estudantes da Universidade Católica do Chile, Noam Titelman, "ninguém pode negar que o novo ministro tem muita preparação técnica, mas agora a grande pergunta a ser feita é se é possível equilibrar isso com um adequado manejo político".

A vice-presidente da Fech, a popular Camila Vallejo, afirmou que "as mudanças refletem o desespero de um governo que não tem demonstrado e não tem tido a capacidade política de realmente elaborar uma política pública em torno da problemática educacional". Os estudantes chilenos realizaram na quinta-feira passada suas últimas manifestações de 2011, ano marcado por oito meses de intensos protestos estudantis.

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