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Teste de mísseis do Irã no Estreito de Ormuz põe Estados Unidos em alerta

postado em 01/01/2012 10:38
A tensão militar entre Irã e Estados Unidos ganhou ontem mais um ingrediente com a expectativa em torno do teste de uma série de mísseis de curto e longo alcance na região do Estreito de Ormuz, via marítima estratégica para o escoamento de petróleo exportado pelos países do Golfo Pérsico. Uma agência oficial iraniana chegou a anunciar os lançamentos, mas foi depois desmentida pelo comandante da Marinha, o almirante Mahmoud Mousavi. O oficial confirmou, no entanto, que os testes serão realizados nos próximos dias, como parte de uma série de manobras navais iniciadas no Natal.

Washington e Teerã mantêm um duelo verbal desde que altos funcionários do regime islâmico fizeram a ameaça de fechar o tráfego de petroleiros pelo estreito caso os EUA e seus aliados ocidentais decidam impor um embargo às exportações de petróleo iraniano. O governo americano classificou como ;irracional; o comportamento do adversário e afirmou que ;não tolerará; uma interdição de Ormuz, principal via de escoamento do óleo comercializado no mundo.

A agência de notícias semi-oficial Fars, a Press TV e a agência oficial Irna chegaram a noticiar que o Irã havia testado os mísseis como parte do exercícios, que devem se estender pela próxima semana. Os norte-americanos observam com alguma apreensão principalmente o desempenho dos mísseis Shahab-3, cujo alcance pode chegar a mil quilômetros, o suficiente para atingir as bases dos EUA no Oriente Médio, além de Israel. Está previsto também o lançamento de mísseis Ghadr-1, com alcance de 1,6 mil km, e Shahab-3, também conhecido como Sajjil-2, capaz de chegar a 2,4 mil km.

Na quinta-feira, um porta-aviões norte-americano passou por uma zona de manobras navais iranianas, próxima ao estreito. Washington afirmou que se tratava de um movimento ;de rotina;. A 5; Frota dos EUA tem como base o reino do Bahrein, o que permite uma importante presença naval no Golfo Pérsico e no Mar de Omã.

Na batalha verbal dos últimos dias, a Guarda Revolucionária iraniana rejeitou os alertas norte-americanos, dizendo que poderia ;agir decisivamente; para ;proteger nossos interesses vitais;. Um relatório divulgado pela revista semanal Aseman afirma que a cotação do petróleo iraniano poderia passar de US$ 200 por barril caso sanções estrangeiras sejam impostas às suas exportações.

Quase 20% do petróleo mundial passa pelo Estreito de Ormuz, na entrada do Golfo Pérsico, o que faz dele o ponto crítico vital para o transporte de combustível do planeta, de acordo com informações da Agência Americana de Energia. Diariamente, 14 petroleiros cruzam o estreito, carregando 17 milhões de barris. No total, 35% do petróleo transportado por via marítima passou pela área em 2011.

A tensão entre Washington e Teerã tem como pano de fundo o controverso programa nuclear desenvolvido pelo regime islâmico, acusado pelos EUA e por outras potências de tentar clandestinamente obter armas nucleares. O governo iraniano desmente a suspeita e assegura que persegue apenas fins pacíficos, segundo o previsto pelo Tratado de Não Proliferação (TNP) de armas atômicas, do qual o país é signatário.

O Conselho de Segurança das Nações Unidas já impôs ao Irã quatro rodadas de sanções e exige que o país suspenda as atividades de enriquecimento de urânio, processo que produz combustível para reatores de uso civil, mas também é necessário para obter material físsil de uso bélico.

Contrato bilionário
O Departamento de Defesa dos Estados Unidos escolheu o grupo industrial Boeing para fornecer equipamentos e sistemas que integrarão a defesa do país contra mísseis intercontinentais. O contrato, com prazo de sete anos e valor total de US$ 3,5 bilhões, prevê o desenvolvimento, o teste e a produção de componentes para o escudo antimísseis. A Boeing, empresa predominante no projeto desde seu lançamento, em 2001, formou um consórcio com o grupo Northrop Grumman para disputar a concorrência com a rival Lockheed Martin. Esta, por sua vez, abocanhou um contrato de US$ 2 bihões para fornecer sistemas antimísseis aos Emirados Árabes Unidos, como parte de um dispositivo que o presidente Barack Obama pretende instalar no Oriente Médio contra o Irã.

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