A oposição começa amanhã, no pequeno estado de Iowa, o processo de escolha do candidato que levará às urnas, em novembro, na esperança de impedir a reeleição do presidente Barack Obama. O Partido Republicano tem a difícil missão de encontrar um nome viável, mas começa o processo sem um favorito destacado entre os pré-candidatos. Apontado inicialmente como uma esperança, o ex-governador de Massachusetts Mitt Romney viu crescerem nas últimas semanas as preferências para o deputado Ron Paul e o governador Rick Santorum. Ontem, em entrevistas a emissoras de tevê, os dois se armaram das últimas pesquisas para argumentar que têm condições para desbancá-lo na nomeação da legenda.
O longo processo de seleção de candidatos tem início nesse pequeno estado rural que, segundo os supersticiosos, indica quem será o favorito. Iowa faz a escolha pelo sistema de caucus, uma espécie de assembleia realizada localmente nos distritos eleitorais com os filiados ao partido. Além de Romney, Paul e Santorum, estão na disputa em Iowa Newt Gingrich, Rick Perry e Michele Bachmann. Um sétimo pré-candidato, Jon Huntsman, decidiu não se inscrever no primeiro estado para concentrar forças na primária de New Hampshire, no próximo dia 10.
A última pesquisa de intenção de voto, porém, aponta para uma disputa apertada entre Romney e Paul. Na sondagem do jornal Des Moines Registrer, divulgada no sábado à noite, Romney aparece com 24% dos votos e Paul com 22%. Santorum vem em terceiro, com 15%. A pesquisa endossa os resultados de outras divulgadas na sexta-feira, pela NBC/Marist e pela CNN/Times, que trouxeram a sequência Romney-Paul-Santorum. Todas chamam a atenção também para o rápido crescimento de Santorum, que no início de dezembro aparecia apenas com cerca de 6% das intenções de voto.
Santorum, que viu o apoio triplicar com seu bom desempenho nas sondagens, afirmou ontem que sua campanha poderia dar um ;grande salto; em Iowa, porque ;os eleitores querem alguém que possa derrotar o presidente (Obama);. ;Os eleitores de Iowa, quanto mais eles olharem, mais eles vão ver quem é a pessoa certa;, disse Santorum no programa Meet the press, da rede NBC. Ao explicar seu apoio, em 2008, à pré-candidatura de Romney, ele argumentou que o fez apenas por sua forte oposição ao senador John McCain, que conquistou a candidatura republicana e foi derrotado por Obama.
A escolha de um nome para enfrentar o presidente é marcada pela indecisão e pela ausência de um aspirante capaz de conquistar e unir os eleitores republicanos. Tão importante na corrida anterior, a guerra do Iraque, finalizada em dezembro pelo governo democrata, deverá ser deixada de lado em prol da discussão sobre a recuperação econômica. Analistas arriscam que o tema dominará a campanha pela Casa Branca.
Diferenças
Com um perfil de homem hábil no mundo dos negócios, Romney sai em vantagem com relação a Paul, conhecido por seu discurso contrário ao envolvimento dos Estados Unidos em conflitos externos. Mas as ideias defendidas pelo segundo o colocam em destaque com relação aos demais pré-candidatos republicanos. O analista James Lindsay, vice-presidente do Conselho de Relações Exteriores, avalia que há uma grande separação entre Ron Paul e os demais quando se trata de política externa.
Enquanto o deputado mantém uma tradicional postura não intervencionista, argumentando que uma maneira de maximizar a segurança dos EUA é se envolver cada vez menos em conflitos, seus rivais são ;ativamente internacionalistas;. ;Nesse sentido, Paul é um candidato único entre os republicanos e está claro que seus oponentes tentam focalizar essa diferença para minar o apoio que ele tem em Iowa;, afirmou Lindsay em artigo publicado pelo CFR.
O caucus de Iowa significa o primeiro passo para reduzir o grande número de competidores republicanos. O processo continua neste mês com eleições primárias nos estados de New Hampshire, Carolina do Sul e Flórida. As quatro etapas são consideradas chaves para definir a contenda.