Agência France-Presse
postado em 03/01/2012 08:22
Teerã - Um funcionário de alto escalão do Irã advertiu nesta terça-feira (3) aos Estados Unidos que não voltem a entrar com seu porta-aviões ao Golfo, ao mesmo tempo em que na frente diplomática continuava a controvérsia entre Teerã e os ocidentais sobre o tema nuclear.O porta-aviões americnao terá de enfrentar "toda a força" da marinha iraniana se voltar ao Irã, alertou o almirante Mahmud Musavi, em declarações ao canal árabe Al Alam.
"Aconselhamos ao porta-aviões americano que atravessou o Estreito de Ormuz e que se encontra no Mar de Omã que não volte ao Golfo Pérsico", declarou, por sua vez, o general Ataolá Salehi, acrescentando que "a República Islâmica do Irã não tem a intenção de repetir sua advertência", segundo o site das forças armadas iranianas.
O porta-aviões americano "USS John C. Stennis", que se encontrava no Golfo, passou na semana passada pelo Estreito de Ormuz para ir ao Mar de Omã, em plenas manobras navais iranianas que duraram dez dias na região do estreito.
Vários funcionários de alto escalão declararam que o Irã pode fechar este canal estratégico, por onde transita 35% do tráfego marítimo petroleiro mundial, em caso de novas sanções contra as exportações petroleiras, que permitem ao Irã, segundo produtor da Opep, obter 80% de suas receitas.
No entanto, o adjunto do chefe do Estado-Maior das forças armadas, o general Masud Jazayeri, minimizou as ameaças declarando que seu país não tem a intenção de fechar o Estreitoi de Ormuz.
"Há tempos, temos a capacidade de fechar o Estreito de Ormuz (...), mas não temos a intenção de fazê-lo", declarou, citado pela agência Isna.
Os Estados Unidos, por sua vez, prometeram manter seus navios de guerra posicionados na região do Golfo, apesar das advertências iranianas.
"A mobilização das forças militares americanas na região do Golfo Pérsico continuará como vem sendo há décadas", afirmou, em um comunicado, o secretário de imprensa do Pentágono, George Little.
As medidas de retaliação foram examinadas pelos Estados Unidos e por alguns países europeus, em particular Alemanha, Grã-Bretanha e França, para levar o Irã a ceder em seu controverso programa nuclear.
Os Estados Unidos também criticaram o "comportamento irracional do Irã" e afirmaram que "não tolerarão nenhuma perturbação do tráfego marítimo no Estreito de Ormuz".
Na segunda-feira, último dia das manobras navais, o Irã testou vários mísseis de cruzeiro, em particular os mísseis Ghader e Nur, com um alcance de 200 km e que podem alcançar alvos no Estreito de Ormuz, no Mar de Omã e no Golfo Pérsico.
Já o chefe de Estado-Maior, o general Hassan Firuzabadi, declarou que em pouco tempo a Guarda Revolucionária organizará suas próprias manobras na região do Golfo, do qual são responsáveis, enquanto o exército regular está encarregado de controlar o Mar de Omã.
Reagindo às ameaças de sanções petroleiras, o porta-voz do ministério das Relações Exteriores, Ramin Mehmanparast, declarou nesta terça-feira que o "Ocidente não é capaz de excluir o Irã de comércio energético no mundo".
"A situação energética no mundo não sustenta a possibilidade de excluir um país como o Irã, que possui as quartas reservas de petróleo e as segundas reservas de gás no mundo", acrescentou.
"Nossas exportações de petróleo e de gás menos importantes são atualmente as que vão aos países europeus", ou seja, pouco mais de 15% das exportações iranianas, acrescentou.
Ao mesmo tempo, Teerã propôs novamente um reinício rápido das negociações nucleares com as potências do grupo 5%2b1 (Estados Unidos, Rússia, China, França, Grã-Bretanha e Alemanha) interrompidas há um ano.
"Esperamos que uma data e um lugar sejam propostos pela chefe da diplomacia da União Europeia (Catherine Ashton) para as negociações entre Irã e o grupo 5%2b1", declarou Mehmanparast.
A União Europeia rejeitou a solicitação iraniana, acrescentando que continuava esperando a resposta de Teerã a uma carta dirigida aos líderes iranianos no mês de outubro.
Já o ministro francês das Relações Exteriores, Alain Juppé, considerou nesta terça-feira que o Irã "continua desenvolvendo sua arma nuclear".