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Atentados contra peregrinos e bairros xiitas deixam mais de 60 mortos

Agência France-Presse
postado em 05/01/2012 12:10
Bagdá - Ataques contra peregrinos e bairros xiitas no Iraque mataram pelo menos 61 pessoas nesta quinta-feira (5/1), num momento em que país se encontra mergulhado numa crise política em um clima de crescentes tensões entre xiitas e sunitas. Estes foram os atentados mais violentos na capital iraquiana desde as explosões que mataram 67 pessoas em 22 de dezembro

No ataque mais violento, 38 pessoas morreram e 68 ficaram feridas em um atentado contra um grupo de peregrinos xiitas perto de Nassiriyah, no sul do Iraque. Uma bomba escondida explodiu na cidade de Batha, matando 38 pessoas, incluindo um militar do Exército. Os peregrinos caminhavam para a cidade de Kerbala para celebrar o Arbain, luto religioso xiita que recorda a morte do imã Hussein em Kerbala. O ataque aconteceu horas depois de uma série de atentados com bomba em dois bairros xiitas de Bagdá, que deixaram pelo menos 23 mortos.

Os atentados aconteceram nos dois mais emblemáticos bairros xiitas da capital iraquiana: Kazimiya, onde fica o mausoléu do 7; imã, Musa al-Kadum, e Sadr City, o maior bairro xiita da capital. Em Kazimiya, dois automóveis repletos de explosivos foram detonados em cruzamentos próximos e deixaram 14 mortos e 37 feridos, segundo o ministério da Defesa. A pasta do Interior mencionou 15 mortos e 31 feridos. Em Sadr City, uma moto-bomba explodiu perto de um grupo de jornaleiros que esperavam o início do dia de trabalho. O ataque deixou sete mortos e 20 feridos. Poucos minutos depois, duas bombas à margem de uma avenida explodiram perto do principal hospital de Sadr City, para onde eram levadas as vítimas do primeiro atentado: duas pessoas faleceram e 15 ficaram feridas.

Os ataques aconteceram em um momento de grave crise entre os blocos políticos sunitas e xiitas. Dirigentes das duas tendências manifestam preocupação com a possibilidade de um ressurgimento da onda de violência religiosa que provocou milhares de mortes entre 2006 e 2007. A atual crise teve início depois que a bancada parlamentar Iraqiya, de orientação sunita, passou a criticar, em dezembro e em tom duro, os métodos do governo do primeiro-ministro Nuri al-Maliki, um xiita.

A situação se agravou com a ordem de prisão contra o vice-presidente Tarek al-Hashemi, um sunita, que encontrou refúgio no Curdistão iraquiano, norte do país. O bloco Iraqiya, segundo maior grupo no Parlamento, com 82 legisladores, boicota há mais de duas semanas os trabalhos legislativos. Seus nove ministros fazem o mesmo no Executivo. "Os políticos lutam entre eles pelo poder e nós pagamos o preço", lamentou Ahmed Khalaf, um dos jornaleiros que testemunhou as explosões em Sadr City.

Estados Unidos e ONU pediram calma e diálogo às diferentes tendências políticas, mas até o momento sem resultados concretos. O primeiro-ministro Maliki aparentemente cedeu esta semana ao aceitar que os ministros do Iraqiya mantenham o boicote sem o risco de demissão. Eles passaram a ser considerados ministros em férias.

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