postado em 06/01/2012 09:30
;Eu li a biografia de Dilma Rousseff e sei que sofreu a repressão na própria carne. Apelei diretamente a ela, com a humildade e a pequenez de uma cidadã.; As palavras são da blogueira cubana Yoani Sánchez. Um dos expoentes da oposição na ilha socialista, ela fez um vídeo no qual pede à presidente brasileira que a ajude a obter a autorização do regime de Raúl Castro para visitar o Brasil.
Em entrevista ao Correio, por telefone, Yoani garante que não tem a intenção de pedir asilo ou de mudar-se para o Brasil. Ela apenas pretende atender ao convite feito pelo governo da Bahia para participar do lançamento do documentário Conexão Cuba-Honduras, do cineasta Dado Galvão. ;A ideia é ficar cerca de duas semanas no Brasil, pois tenho um programa muito apertado de visita a outros países da América Latina e da Europa. Gostaria de interagir com muitas pessoas que me leem e que me ajudaram a traduzir meu blog Generación Y para o português;, explica. O evento em Jequié, a 360km de Salvador, está previsto para a primeira quinzena de fevereiro.
O vídeo gravado por Yoani e feito para Dilma tem dois minutos. ;Ele foi filmado na costa ocidental de Havana, num lugar muito importante para mim e para todo o país. Foi de onde, em 1994, milhares de balseiros saíram rumo à Flórida;, relata. ;Eu quis dizer a Dilma que não quero sair de maneira ilegal de meu país, mas em um aeroporto, com um passaporte e com permissão de viagem, não como um delinquente escapando pelo mar.;
O pequeno filme, de caráter pessoal, não tem a intenção de falar em nome de uma geração ou de uma nação. ;Eu quis falar de mulher para mulher, de mãe para mãe, de pessoa que exige um direito inalienável. No artigo 13 da Declaração dos Direitos Humanos, está expresso o direito de sair livremente de meu país.; Além do vídeo, ela conta com o auxílio de simpatizantes, que lançaram uma petição on-line.
Para a blogueira, Dilma tem uma sensibilidade especial com relação aos direitos humanos. ;Também me consta que as relações entre Havana e Brasília são boas. Se não podem mover o muro que me impede de viajar, ao menos a senhora Dilma Rousseff pode me auxiliar a ter uma explicação.;
Yoani deixou Cuba pela última vez em 2002, quando ainda não havia levantado a voz contra o regime. ;Eu estava como a maioria dos meus compatriotas: com uma máscara;, lembra. Desde então, já pediu ajuda ao rei espanhol Juan Carlos I aos ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva, em 2008, e Michele Bachellet (Chile).