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Tribunal do Irã condena americano de 28 anos à morte por espionagem

Agência France-Presse
postado em 09/01/2012 08:10

Teerã - Um juiz iraniano sentenciou um americano de origem iraniana à morte por espionar para a CIA (agência de inteligência dos Estados Unidos), noticiou a imprensa local nesta segunda-feira (9), exacerbando as tensões entre Washington e Teerã, já elevadas em virtude das sanções do Ocidente ao programa nuclear da República Islâmica.

Os Estados Unidos condenaram a decisão da justiça iraniana.

"Vimos informações da imprensa falando que o sr. Hekmati foi sentenciado à morte por um tribunal iraniano. Se for verdade, condenamos fortemente esse veredicto e trabalharemos com nossos sócios para repassar nossa condenação ao governo iraniano", afirmou o porta-voz do Conselho Nacional de Segurança, Tommy Vietor.

Amir Mirzai Hekmati, um ex-marine de 28 anos, nascido nos Estados Unidos em uma família iraniana, foi "sentenciado à morte por cooperação com um país hostil, por pertencer à CIA e tentar implicar o Irã no terrorismo", sentenciou o juiz de Teerã, segundo as agências de notícias Fars e Isna.

Hekmati tem 20 dias para apelar, disse o promotor-chefe, Gholam Hossein Mohseni Ejei, citado pela agência Isna, sem especificar quando a sentença foi proferida.

O acusado, detido meses antes, apareceu em meados de dezembro na televisão estatal, afirmando em farsi e inglês fluentes que era um agente da CIA enviado para se infiltrar no Ministério de Inteligência iraniano.

Segundo as autoridades iranianas, seu disfarce foi descoberto por agentes do país que o viram na base militar aérea Bagram, comandada pelos Estados Unidos, no vizinho Afeganistão.

Mas a família de Hekmati nos Estados Unidos disse à imprensa americana que ele viajou ao Irã para visitar suas avós.

Seu pai, um professor do estado americano do Michigan, disse que Hekmati não é um espião. Familiares afirmaram ter tentado, em vão, contratar advogados iranianos para ajudá-lo no lugar do indicado pelo governo.

Em sua única audiência, realizada em 27 de dezembro, os promotores se fiaram na "confissão" de Hekmati para afirmar que ele tentou invadir o ministério de Inteligência ao se apresentar como um ex-soldado americano desertor de posse de informações secretas, as quais estaria disposto a compartilhar.

Hekmati foi julgado como cidadão iraniano e não americano porque o Irã não reconhece a dupla nacionalidade.

Os Estados Unidos exigiram a libertação de Hekmati.

O Departamento de Estado afirmou que o Irã não permitiu aos diplomatas da embaixada suíça, encarregada dos interesses de Washington no país devido à falta de laços americanos-iranianos, ver Hekmati antes ou durante seu julgamento.

A sentença de morte é proferida depois do caso de outros três americanos (uma mulher e dois homens), mantidos presos no Irã também acusados de espionagem, após caminharem, em 2009, ao longo da fronteira iraquiano-iraniana, sem identificação. Os três acabaram sendo libertados, uma em 2010 e os outros dois em setembro de 2011, apesar de terem sido condenados a oito anos de prisão.

O caso de Hekmati, no entanto, surge em um momento de aprofundamento das tensões entre Teerã e Washington devido às medidas americanas para atingir as exportações de petróleo iraniano, como parte de novas sanções a ser impostas devido ao seu controverso programa nuclear.

Analistas e algumas autoridades iranianas afirmam que a última rodada de sanções atingiu duramente a economia iraniana. Mas o líder supremo do país negou nesta segunda-feira as alegações de que a estratégia vá impedir Teerã de perseguir suas metas.

"Autoridades ocidentais declararam em várias ocasiões que, com sanções e pressão, querem desencorajar que o povo e suas autoridades levem seus planos adiante", disse o aiatolá Ali Khamenei, em comentários divulgados pela televisão estatal.

"Mas estão equivocadas e não atingirão seus objetivos", acrescentou.

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