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Presidente rejeita diálogo com as Farc

postado em 11/01/2012 08:00
Timochenko propõe nova zona desmilitarizada e debate político
;Não queremos mais retórica. O país pede ações claras de paz.; Assim, o presidente Juan Manuel Santos reagiu ontem à carta escrita na véspera por Timoleón Jiménez (o Timochenko) ; comandante do Estado-Maior Central das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) ; e endereçada a ele. Por meio de sua conta no microblog Twitter, Santos refutou o diálogo e instou os guerrilheiros esquerdistas a ;esquecerem um novo Caguán;. O mandatário se referia à zona desmilitarizada criada em San Vicente del Caguán, no departamento de Caquetá, que serviu de abrigo seguro para as Farc entre 1998 e 2002. Em sua mensagem, Timochenko afirma o interesse em tratar de vários assuntos em uma ;hipotética mesa de conversações;. ;Colocar em questão as privatizações, a desregulação, a liberdade absoluta de comércio e de investimentos, a depredação ambiental, a democracia de mercado, a doutrina militar;, escreveu o líder das Farc. ;Retomar a agenda que ficou pendente em Caguán;, emendou.

Em entrevista ao Correio, o colombiano Carlos Nasi Lignarolo, cientista político da Universidad de Los Andes (em Bogotá), admitiu que o comunicado de Timochenko é confuso e carece de realismo político. ;Ao propor sobre Caguán, as Farc ignoram que têm sofrido golpes duríssimos, com a morte ou a captura de boa parte de seus dirigentes históricos, que estão bastante enfraquecidas militarmente e que não têm crebilidade perante a sociedade;, explica. Segundo ele, a carta é desprovida de novidades. ;Não houve um gesto de paz autêntico da guerrilha. As Farc não estão em posição de pretender negociar sobre qualquer tema imaginável, dado seu isolamento político;, acrescenta.

Para o ex-senador Luis Eladio Pérez Bonilla, refém das Farc entre 2001 e 2008, a mensagem de Timochenko não passa de um ;sofisma de distração;. ;Não existe vontade política por parte das Farc. Enquanto não libertarem os sequestrados e não cessarem as hostilidades, será impossível falar de diálogo;, afirmou ao Correio.

Por sua vez, Vicente Torrijos, professor de ciência política e relações internacionais da Universidad del Rosario (em Bogotá), acredita que as Farc pretendem transmitir a mensagem de que o Estado não pôde derrotá-las militarmente durante a última década e, portanto, precisam ser reconhecidas como um interlocutor político. ;As Farc compensam o enfraquecimento com o enorme apoio que recebem de governos vizinhos, tanto que conservam suas capacidades terroristas e querem arraster o governo a um embuste de diálogo, para refundar o Estado;, observa. ;A pergunta agora é se o presidente cairá na tentação de iniciar uma conversa exploratória. No entanto, parece-me que Santos conhece bem as técnicas de manipulação dos guerrilheiros e de seus associados;, comentou Torrijos, por e-mail.

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