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Inquérito sobre marines filmados urinando em corpos avança rápido

Agência France-Presse
postado em 13/01/2012 17:48
Washington - O inquérito sobre o vídeo em que quatro marines americanos aparecem urinando sobre os corpos de afegãos avançou a passos largos, nesta sexta-feira (13), diante da pressão de lideranças políticas, que querem evitar que o incidente comprometa um eventual diálogo com os talibãs.

Dois dias depois de a gravação, em que quatro marines sorridentes se aliviam sobre os cadáveres ensanguentados de três milicianos afegãos, ser postada na internet, as imagens deram a volta ao mundo, causando horror nas principais autoridades políticas e militares dos Estados Unidos.

Na quinta-feira, o secretário da Defesa, Leon Panetta, qualificou de "lamentável" esta ação e prometeu "uma investigação imediata e em profundidade", confiada pelo alto comando dos marines, corpo de elite do exército americano, ao Serviço de Investigação Criminal da Marinha.

Os primeiros resultados já apareceram e na sexta-feira o vídeo já tinha sido autentificado e os quatro militares envolvidos, identificados.

Dois deles já "foram interrogados" pelos investigadores da Marinha, embora "não estejam detidos" por enquanto, informou à AFP uma autoridade militar, que pediu para ter sua identidade preservada para não interferir nas investigações em curso.

Os quatro soldados pertencem a uma unidade de atiradores de elite do Terceiro Batalhão, do Segundo Regimento dos Marines, baseada em Camp Lejeune, no estado da Carolina do Norte (leste dos Estados Unidos).

Os dois militares interrogados continuam neste local, e a localização dos outros dois demorou um pouco mais, aparentemente porque haviam sido transferidos, informou o responsável militar.

A unidade esteve mobilizada no norte da província de Helmand (sudoeste do Afeganistão), entre março e setembro de 2011, período em que, "sem dúvida" foram feitas as imagens, acrescentou.

Os quatro envolvidos poderão ser submetidos à corte marcial por violação do código da justiça militar americana e da Convenção de Genebra, que estabelece que os corpos dos inimigos mortos devem ser tratados com respeito.

Os investigadores tentarão identificar e interrogar também outras pessoas que possam estar envolvidas no incidente, inclusive quem gravou a cena, provavelmente um colega dos soldados já identificados, segundo outro oficial do exército americano.

Inclusive os comandos desta unidade, que são responsáveis pelo comportamento de seus homens, poderão ser interrogados em função dos resultados da investigação, afirmou.

A rapidez com que o Pentágono tem investigado e informado sobre este incidente visa a desarmar uma situação que pode minar a tentativa de diálogo com os talibãs para resolver o conflito no Afeganistão.

Na quinta-feira, o presidente afegão, Hamid Karzai, se disse "profundamente perturbado" pela "profanação de cadáveres" que o vídeo mostra e exigiu dos Estados Unidos "o castigo mais severo" para os culpados.

[SAIBAMAIS]O momento é crítico para Washington, que necessita do aval de Karzai antes de estabelecer eventuais negociações com os talibãs.

As autoridades americanas temem que a população afegã pressione o seu presidente a endurecer sua postura, embora por enquanto pareça que a indignação demonstrada pela televisão do país ainda não tenha passado para a população.

Apesar da previsão de violentos protestos antiamericanos, a situação no país da Ásia central permanecia calma após as orações de sexta-feira, dia santo para os muçulmanos.

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